Lemos: Crônicas da Tormenta (Parte 2)

Tive uma viagem super agradável à Arton e conheci ilustres habitantes deste mundo tão rico. Foram quatorze histórias escritas por grandes nomes da literatura fantástica brasileira. Porém, após falar as minhas primeiras impressões e depois continuar resenhando o livro Crônicas da Tormenta, hoje finalizo a minha análise nada técnica desta antologia de contos.

Dando sequência, falarei sobre o décimo conto do livro: O Rouxinol e os Espinhos, escrito por Remo Disconzi. O conto retrata a chegada da Dama Âmbar à cidade de Thartann para uma apresentação que desferiria um contundente golpe na face das Artes. Empolgado com tal chegada, o aristocrata Rhoeo Rigaud leva Ediriel (sua última compra no mercado de escravos) para uma audiência, sem imaginar o que estaria por vir.

Já elogiei a escrita do Remo Disconzi nas minhas primeiras impressões do livro e, embora o tom deste conto seja um pouco diferente do Teopatia, é espetacular da mesma forma! Durante toda a narrativa senti que algo grande estava sendo orquestrado e fiquei tão surpreso quanto os habitantes daquela cidade. Mais um final espetacular! Certamente vou procurar outros trabalhos do Remo.

Seguindo, tem o conto Arautos da Guerra, escrito por Antonio Augusto Shaftiel. A história retrata a jornada de quatro guerreiros e sacerdotes de Keenn, em busca da sagrada armadura negra do deus da guerra. Além das batalhas no trajeto, o grupo ainda conta com o desafio do convívio entre personalidades muito distintas.

O que mais me agradou na história escrita por Shaftiel, foi como seus personagens são marcantes! A relação deles é muito interessante, porque eles são completamente distintos e problemáticos. A única coisa que os une é a fé em Keenn. Logo, não é difícil esboçar risadas por conta de suas ações durante os combates.

Adiante, o livro traz o conto Vingador de Aço, escrito por Marcelo Cassaro. Neste conto conhecemos o jovem Taskan e seu grifo, Rigel. Ambos viviam isolados em um templo para fugir de um episódio passado, porém se veem obrigados a enfrentá-los de uma vez.

Sou um grande fã do trabalho do Cassaro, portanto, suspeito para elogiar o conto, mas o faço mesmo assim: fantástico! A narrativa em primeira pessoa me fez sentir as angústias de Taskan ao se deparar com algo que tanto fugiu. Outro sentimento muito interessante que o conto passa é o elo entre o protagonista e Rigel. Houve momentos que gelei!

Em seguida, é a vez do conto Ressurreição, escrito por Leonel Caldela. A história narra o convívio forçado por uma maldição entre os mercenários: Scythe, Arthur Donovan III, Sean Cavendish, Ellen Redblade. A maldição em questão faz com que a vida dos mercenários estejam ligadas, mas Ellen elabora um plano para quebrá-la.

Nas minhas primeiras impressões sobre este livro, afirmei que considero o Caldela o melhor escritor de fantasia brasileiro. Neste conto, ele reafirma isso pra mim! Os personagens são fortes e distintos, e a narrativa é envolvente. Particularmente, gostei muito do sadismo do meio-elfo Sean Cavendish e da bravura da Redblade. Fora o desfecho, que é sensacional!

Fechando o livro, falarei do conto O Cerco, escrito por J. M. Trevisan. O conto narra a chegada de Ghurrar Darkblood e da Aliança Negra à Fortsam. Paralelamente, também é narrado um divertido torneio de queda de braços na taberna Ganso Afogado, do malandro halfling Boghan.

Trevisan encerra o livro com uma história espetacular! Ao mesmo tempo que ela diverte, ainda apresenta os horrores de uma guerra. Essa transição entre riso e espanto, se dá com Boghan e o elfo Thalin, personagens extremamente cativantes. E que final de história, amigos! Que final!

Crônicas da Tormenta é um livro indispensável para fãs do gênero. Muito me alegra ver uma obra de fantasia medieval nacional que nada deixa a desejar para as estrangeiras. Eu que nunca tinha tido oportunidade de ler os romances ambientados neste cenário que tanto amo, me empolguei e certamente lerei os demais. E se você ainda não leu, corre logo e compra a versão física ou a versão digital do livro.