Primeiras Impressões: Deuses Americanos

Neil Gaiman é mito! Tal afirmação passa longe de ser um trocadilho com o seu romance e tampouco uma “carona adjetival” na moda desta palavra tão presente nestes tempos de internet. O fato é que as narrativas de Gaiman são maestrais e vez ou outra ganham adaptações para as telinhas (Stardust e Coraline). Desta vez a esperada adaptação foi de Deuses Americanos! Assisti o primeiro episódio e vou falar das minha primeiras impressões.

A trama exibida pelo Starz / Amazon Prime Video nos apresenta Shadow Moon, um presidiário que está prestes a sentir o cheirinho da liberdade, encontrar sua esposa e recomeçar a vida. Faltando poucos dias para ser liberto, Shadow é chamado pela direção do presídio e informado que será liberado uns dias antes. Presente? Na verdade não! Sua esposa morreu em um acidente de carro junto com o amigo que lhe daria um novo emprego (que fase). Na viajem para o funeral ele conhece o excêntrico Senhor Wednesday, que insiste que Moon trabalhe para ele. Shadow nega a princípio (talvez por não querer ser guarda costas de um picareta), mas acaba aceitando o emprego. O que ele não sabe a princípio é que o objetivo de Wednesday é viajar pelos EUA reunindo todos os velhos deuses, para assim enfrentar os novos (dinheiro, tecnologia, mídia, drogas, etc.).

Antes de mais nada: “Não li o livro!”. Então meus amigos, posso falar um cado de besteira (esse é o espírito da “primeira impressão”) e também posso não ter entendido a essência do primeiro episódio. Enfim, a série começa mostrando a chegada dos primeiros “descobridores” na América. O ambiente não é lá muito favorável aos bárbaros e eles começam a pedir a ajuda ao deus deles, mas isso requer sacrifícios. Aí começam cenas e cenas que bebem da fonte do Tarantino: muito sangue mesmo! No fim eles conseguem ir embora, mas deixam a escultura deus na praia (ora, ora, temos um deus americano aqui). Depois disso é a história contada no parágrafo anterior, sem mais spoilers.

O primeiro episódio de Deuses Americanos tem uma narrativa peculiar que causa um certo desconforto, do tipo “não tô entendo qual é”, mas que aguça a curiosidade (cara, tenho que ver o próximo pra ver se entendo). Uma jogada ousada em uma época em que a primeira impressão é o que geralmente segura o público. Outro ponto muito interessante é que apesar da série se passar no “mundo-real-contemporâneo” toda a estrutura que formam determinadas cenas levam os personagens (muito bem construídos, diga-se de passagem) à fantasia com suas cores e exageros.

Deuses Americanos começa sem entregar muito o jogo do que é a trama e deixa os marinheiros de primeira viagem um tanto confusos, mas traz uma metáfora interessante a pluralidade cultural da identidade americana. Ainda é cedo pra dizer que será uma boa série, mas continuarei assistindo se as respostas não tardarem a surgir nos próximos episódios.