Assistimos: Rede de Ódio

Review of: Rede de Ódio

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4
On 21 de agosto de 2020
Last modified:21 de agosto de 2020

Summary:

Nos últimos anos, vimos como os espaços virtuais são capazes de tornar completos anônimos em pessoas célebres nas mais distintas áreas da sociedade. O contrário também é possível. Biografias são facilmente atacadas tanto por usuários comuns, com crenças bem estabelecidas, quanto por pessoas interessadas em somente ganhar algo com tais ataques. Independente do seu posicionamento político, certamente você consegue lembrar de pelo menos um exemplo dessas ascensões e quedas. Rede de Ódio parte desse princípio em sua trama e se você quiser saber mais sobre, vem comigo.

Nos últimos anos, vimos como os espaços virtuais são capazes de tornar completos anônimos em pessoas célebres nas mais distintas áreas da sociedade. O contrário também é possível. Biografias são facilmente atacadas tanto por usuários comuns, com crenças bem estabelecidas, quanto por pessoas interessadas em somente ganhar algo com tais ataques. Independente do seu posicionamento político, certamente você consegue lembrar de pelo menos um exemplo dessas ascensões e quedas. Rede de Ódio parte desse princípio em sua trama e se você quiser saber mais sobre, vem comigo.

Mas antes de subir as hashtags, sinopse:

Um jovem faz sucesso nas campanhas de ódio nas redes sociais, mas a crueldade virtual cobra seu preço no mundo real.

Esta sinopse diz pouco, mas muito pouco das questões do longa. Se eu não tivesse recebido a indicação de uma pessoa que eu admiro muito, nem assistiria. Apesar das campanhas de ódio e suas consequências serem o cerne do filme, tal redução não faz jus a obra como um todo.

Digo isso, porque, ao meu ver, Rede de Ódio é um filme sobre personagens e suas evoluções durante a trama. Especialmente sobre Tomasz, o protagonista. A princípio ele se apresenta frágil, mas aos poucos vai tomando atitudes questionáveis. Nessa dinâmica, a narrativa apresenta um caminho onde nem tudo é preto e branco. E é nos outros tons que Tomasz é humanizado. Entretanto, não senti que esse aspecto foi um recurso para que o espectador goste ou concorde com seus atos, mas sim como uma abertura para refletirmos sobre questões morais/ éticas.

Com essa abordagem, temos uma viagem à mente de Tomasz. Logo, quem gosta de filmes com personagens que têm transtornos mentais, provavelmente vai curtir muito a narrativa do longa. Principalmente, a partir do momento em que ele consegue um emprego e suas motivações pessoais (feitas a qualquer custo) começam a interferir no coletivo.

A partir dessas interferências, o filme insere questões contemporâneas como: ódio nas redes, fake news, homofobia, xenofobia, etc… Contudo, de uma forma que me fez refletir muito sobre como esse diálogo entre interesses pessoais e idealismo, pode acarretar em situações imprevisíveis ou catastróficas.

Para mim, Rede de Ódio foi uma grata surpresa, porque entregou muito além do que eu esperava. Gosto muito dessas narrativas focadas em retratar a evolução de um personagem problemático. Fora isso, é um longa que dialoga diretamente com o nosso mundo e, pelo menos aqui, trouxe reflexões necessárias. Recomendo demais.