Quando eu vi que Raphael Draccon e Carolina Munhóz estavam roteirizando uma série para a Netflix, me dei a obrigação de assistir O Escolhido. Afinal, estamos falando de dois grandes nomes da literatura nacional de fantasia. Com essa introdução, já deu para perceber a expectativa aqui estava alta! Então, vou deixar de enrolo e contar logo as minhas impressões. Vem comigo!
Mas quem “me lê” já sabe, primeiro tem que vir sinopse:
Enviados a um vilarejo isolado do Pantanal, três jovens médicos recebem a missão de vacinar os moradores de lá contra uma nova mutação do vírus da Zika. Mas a população recusa o tratamento, e o trio se descobre preso em uma comunidade guiada por um líder enigmático que diz ter o poder de curar doenças sem fazer uso da medicina.
Ao colocar três médicos céticos em um local onde toda uma população segue inquestionavelmente uma figura de fé, a produção propõe um diálogo muito interessante sobre “Ciência x Fé”. Em flashbacks e frases impactantes, essa temática surge explicitadamente, porém há pouco aprofundamento do tema. Talvez a proposta da série esteja mais para apresentar o universo e escancarar o fantástico para os protagonistas. O que ao meu ver, não tem nada de errado.
Falando nos protagonistas, como em toda boa produção do gênero, são as ações “idiotas” deles que fazem a narrativa andar. Quem viu já assistiu, pode relacionar essas ações ao Enzo. Porém, ele não é o único, porque Lúcia não fica atrás! Apesar de ser uma personagem bem trabalhada, é a que mais oscila em suas atitudes. Mas eu já falei demais e não quero dar spoilers.
Quanto ao elemento fantástico da trama, esse foi o ponto que mais me agradou. A mitologia criada tem uma cara bem brasileira e bebe de inúmeras fontes de fé/folclore tupiniquins. Porém, ao fim da temporada ficam muito mais perguntas do que respostas. A estrutura daquela sociedade é super bem explicada, mas quanto ao místico, há muito o que se responder em uma próxima temporada.
O Escolhido entrega uma mitologia interessante e um clima de suspense que me prendeu em todos os episódios. Apesar de deixar muitas perguntas em aberto (coisa que eu não gosto muito em fins de temporada), a série tem um potencial gigante! Fico muito satisfeito de ver produções brasileiras neste nível e já quero a segunda temporada.
Aka Joe. Professor de linguagens místicas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, profissional de estudos psíquicos na Escola Xavier para Jovens Superdotados, amador na arte de grafar e consorte da Bel. Entusiasta dos bardos, contadores de histórias, sábios, estrategistas, aventureiros, tabernistas e bobos da corte.