Assistimos: Mindhunter (Season 1)

Tentar entender as razões que levam uma pessoa a matar outra… pior, outras… Não é fácil ouvir o lado criminoso da história, não é mesmo? Na verdade, nem queremos! Porém, há muitos fatores além do nosso sentimento de revolta perante aos crimes. Para isso temos estudos sociológicos, filosóficos, psicológicos, etc… Enfim, hoje falaremos sobre Mindhunter que tem a proposta de mostra o pontapé inicial nas pesquisas sobre a mente dos serial killers. 

Baseada no livro homônimo de John Douglas, a série traz a seguinte trama: “Estados Unidos, 1977. Holden Ford (Jonathan Gross) e Bill Tench (Hold McCallany), dois agentes do FBI, possuem um plano ambicioso em mente: desenvolver a primeira pesquisa nos EUA sobre a mente dos assassinos. Para isso, eles precisam ganhar a confiança dos detentos e superar uma série de desafios“.

Diferente da maioria das séries investigativas que conheço, Mindhunter não trata o crime em um episódio só, até porque, o crime é apenas o ponto de partida para os protagonistas. A trama não é focada nos assassinatos em si, mas sim pós-crime. O mais perto dos homicídios que é apresentado ao espectador vem através da descrição dos crimes. Em resumo, o tom é focado na investigação psicológica e forense (e isso pode não agradar muito se você procura algo mais voltado para a ação).

As investigações realizadas pela dupla (com o apoio da psicóloga Wendy Carr, interpretada por Anna Torv) tem o objetivo de traçar o perfil comportamental dos serial killers (termo inventado por eles, inclusive). A equipe de ciência comportamental tenta convencer que os assassinos não nasceram malvados, mas sim que, em algum momento, o convívio familiar/social despertou tal comportamento e que sempre há um motivo por trás daquelas ações brutais. De certo modo, essa parte do FBI não está muito preocupada em desvendar os mistérios (por mais que ajude em alguns no decorrer da temporada), mas sim mergulhar no psicológico dos assassinos para que no futuro talvez possam evitar tais tragédias.

Entretanto, essa tarefa não vai ser muito fácil… Não só pela complexidade das mentes, mas também pela burocracia que os protagonistas tem de enfrentar. A série traz bem o contexto histórico da década de setenta, onde a psicologia não era vista com bom olhos por muitas pessoas. Além dos conflitos burocráticos, também há a questão do estudo acadêmico e, nesse ponto, como a teoria e a prática podem ser divergentes.

Isso tudo é construído sobre uma narrativa lenta (e eu não considero isso algo negativo, mas sim detalhista) repleta de diálogos dinâmicos quando com os criminosos e nem tão dinâmicos assim quando não com eles. Não me senti muito interessado nas relações pessoais dos protagonistas, o que me chamou a atenção foi como eles foram se transformando desde que começaram as entrevistas (principalmente o Ford). A relação entrevistador e entrevistado se mostra uma via de mão dupla bem explicitada no fim da temporada.

Com uma produção técnica primorosa (que fotografia, que trilha sonora!), Mindhunter é uma produção altamente recomendada se você se interessa pelo “universo dos serial killers”. A abordagem não é muito habitual, mas não se deixe enganar pelo ritmo lento dos três primeiros episódio e vá até o final. Vale a pena!