Pela segunda vez nesta semana, trago resenha de uma adaptação de Neil Gaiman. A série da vez é Good Omens, que mostra uma amizade (ou algo mais) peculiar entre um anjo e um demônio. Será que vou destilar frustração novamente? Sem mais enrolações, vamos ao que interessa.
Antes das trombetas, a sinopse:
O fim do mundo está chegando e, diante disso, um anjo preocupado e um demônio libertino apegados demais à vida na Terra precisam formar uma aliança improvável para impedir o Armagedom. Mas não sabem do paradeiro do Anticristo, um menino de 11 anos que desconhece sua missão de trazer o apocalipse. Isso os faz embarcar em uma aventura para encontrá-lo e salvar o mundo antes que seja tarde demais.
Impossível não começar este texto sem destacar o humor fantástico da produção! A série tem aquele típico humor britânico repleto de sarcasmo. A releitura bíblica/histórica feita para contar o nascimento e desenvolvimento da amizade dos protagonistas entrega cenas hilárias. Mas sem dúvida alguma, a forma como o Armagedom foi retratado é o ponto mais interessante da série.
Porém, toda a trama apocalíptica é praticamente ofuscada pelos protagonistas. Seja na citada construção da amizade ou em meio ao excêntrico fim dos tempos, é a relação entre Aziraphale e Crowley que me agradou de forma certeira. A química entre as personagens é fantástica e entrega diálogos divertidíssimos.
Contudo, o destaque da dupla reduz o potencial do restante do elenco. Muita coisa legal é tratada nas subtramas (e até mesmo na trama principal), mas com menos enfoque do que a amizade dos protagonistas. É algo ruim? Não achei. Mas um maior equilíbrio cairia bem.
Com humor acertado e uma reflexão relevante sobre determinismo, Good Omens figura em uma das adaptações mais legais que tive a felicidade de ver. Definitivamente, Gaiman fez um excelente trabalho no roteiro e de quebra deixou uma bela homenagem a Pratchett. Se você ainda não viu, aproveita que são só seis episódios.

Aka Joe. Professor de linguagens místicas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, profissional de estudos psíquicos na Escola Xavier para Jovens Superdotados, amador na arte de grafar e consorte da Bel. Entusiasta dos bardos, contadores de histórias, sábios, estrategistas, aventureiros, tabernistas e bobos da corte.