Ultimamente, não tenho assistido à muitas premiações como eu sempre fazia. Só o Oscar ainda me atrai para a frente da TV. Por falar nela, a última premiação importante a ser televisionada foi, justamente, aquela que homenageia as obras televisivas, o Emmy Awards. Não assisti, mas “acompanhei” pelos trends do Twitter, se é que posso dizer assim. A série Fleabag estava sendo muito comentada e, inclusive, teve muitas indicações (7) e ganhou prêmios (3). Mas o que me chamou atenção é que a série da Amazon Prime Video é roteirizada e protagonizada por uma mulher: Phoebe Waller-Bridge. Resolvi assistir exatamente por conta disso. Ah! E também, porque é uma série de comédia ou, pelo menos, eu achava que era só de comédia, visto que a série que assisti antes é de um drama fortíssimo… Mas bem, bora falar de Fleabag (Season 1)?!
Só vamos dar uma olhadinha na sinopse antes disso:
Fleabag é um mergulho na mente fervilhante de uma mulher inteligente, sexual, inquieta e devastada pelo luto, em seu dia-a-dia na vida moderna de Londres. A dramaturga premiada Phoebe Waller-Bridge é a autora e faz o papel de Fleabag, uma mulher autêntica que tenta retomar sua vida, enquanto rejeita a ajuda de qualquer um que tente se manter ao seu lado durante a sua crise.
Bem, vou confessar a você, antes de tudo, que eu viria aqui detonar essa série. Sim, e isso seria feito tendo assistido a apenas dois episódios. Fleabag (Season 1) me incomodou bastante. E não, não eram pelas cenas de sexo (é +18, mas não há cenas explícitas). Quanto a isso, ela só me passou um incômodo semelhante a quando assisti e detestei O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, quando a protagonista parecia apática durante o ato. Mas isso é pouquíssimo, diante do fato da personagem principal ser bem desagradável. Inclusive, isso é o que significa Fleabag.
A série é de comédia, mas é mesclada ao drama. Tal drama vai tomando forma na série, a medida em que flashbacks de momentos de Fleabag com sua amiga falecida, a Bu (Jenny Rainsford), vai montando o quebra-cabeça dessa história, que tem um bom roteiro. É louco, bem non sense, escrachado, único e sincero. Por falar em sinceridade, volto a falar do meu incômodo com a personagem principal. Fleabag não me desceu, mas eu não estou dizendo da atuação da atriz (que é ótima mesmo, a propósito). O que me incomoda é o jeito da personagem tentar resolver as coisas, tudo de forma infantil, impensada, desonesta, sem coração, sem um remorso aparente ou que ela não permita que este transpareça. Ela parece vazia de sentimentos bons e egoísta, sendo que o que vinha de bom dela, raramente me parecia sincero. E o misto disso à comédia me incomodou um pouco talvez muito e isso pode não ter me permitido amar a protagonista.
Contudo, quero reforçar que Phoebe Waller-Bridge é, realmente, brilhante! E isso é como atriz e também roteirista. Gostei do enredo de Fleabag (Season 1), principalmente da forma como a personagem se conecta, ou melhor, se comunica com o telespectador. A protagonista dialoga o tempo todo com a gente, tipo as famosas “mensagens subliminares” ensinadas naquele programa de TV Eu, a Patroa e as Crianças. Fleabag: te olha; faz perguntas a você; pede a sua opinião; te diz, previamente, o que a outra pessoa vai dizer ou fazer; te desafia a pensar no que ela irá fazer nos momentos em que está sozinha, ou melhor, ela nunca está sozinha, pois ela sabe que você está ali, com ela e, portanto, ela olha para o telespectador como quem diz: “Você pensou que eu fosse me masturbar, né?!”.
Até porque, sexo é algo que Fleabag está sempre à procura. Inclusive, como mencionei algo do tipo anteriormente, nem sei se o ato com outra pessoa provoca prazer nela. Na verdade, aparentemente, ela pode até já ter sentido prazer e chegado ao orgasmo com alguém alguma vez, mas isso pode ter sido antes dos conflitos que o mesmo tem trazido à vida dela.
A fotografia de Fleabag (Season 1) aparenta ser normal, comum, mas não é. Na minha opinião ela dialoga, completamente com o roteiro, mas mais ainda, com o telespectador. Nos momentos em que Fleabag dialoga com a gente, o jogo de câmeras (às vezes parece que tem algumas escondidas) ou até mesmo o próprio olhar de Waller-Bridge muda, desvia do personagem com o qual ela dialoga para fazê-lo com quem assiste a série. Isso é maravilhoso, porque não deixa dúvidas ao telespectador de quem seria o receptor de tal mensagem. Quanto à ambientação, essa é outra coisa que me lembra um pouco de Amélie Poulain, principalmente quanto ao trabalho de Fleabag, um café com as cores verde, marrons avermelhados ou o próprio vermelho, mas que não se desfaz de outras cores. Algumas das mensionadas, principalmente o verde, são em tons pastéis, porém escuros, sem nada daquele estilo candy não sei se posso chamar assim e se vocês irão me entender, apensar de só o avental usado por ela me passar um pouco disso.
Outra coisa que gostaria de falar, voltando a falar de performances, é de outras atuações, como a de Sian Clifford, que faz a Claire, irmã da protagonista; o Bill Paterson, que interpreta o pai das duas e Olivia Colman, que interpreta a madrasta e madrinha delas ô, mulherzinha detestável essa madrasta. Sem falar de Hugh Skinner, que faz o namorado “ioiô” de Flaebag, o Harry, “esquecedor de dinossauro”…
Fleabag (Season 1) não me cativou, pelo menos, eu não senti isso. Não foi por falta de brilhantes interpretações, tão pouco pelo roteiro, mas as atitudes de Fleabag, como roubar, mentir ou ser intrometida, me incomodaram. Se essa era a intenção de Phoebe, parabéns! E outra: como as temporadas são bem curtinhas (e os episódios não chegam a ter 50 minutos amém), não posso dizer que não assistirei a segunda temporada. Então, TALVEZ, eu venha a falar da Fleabag por aqui de novo.
“Eu sou Groot” e professora. Adoro assistir filmes e séries; ler livros e HQs e “eu QUERIA fazer isso o dia todo”. Espero ter “vida longa e próspera”…