Assistimos: Community (Season 1)


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5
On 8 de julho de 2020
Last modified:8 de julho de 2020

Summary:

Finalizamos a primeira temporada de Community, série de comédia que arrisquei em começar a assistir, mesmo tendo seis temporadas, estreando em 2009. Os vinte e um episódios desta primeira temporada são curtos, com menos de vinte e cinco minutos cada. Mas como a série foi escolhida por nós como o alívio para o cérebro nesta quarentena, assistíamos logo após um episódio de outra série ou filme um pouco mais tensos. Então, agora que ela já foi usada como alívio para a mente, em doses homeopáticas, venho aqui dizer para vocês se ela funcionou bem nesse quesito ou não. Me acompanhe!

Finalizamos a primeira temporada de Community, série de comédia que arrisquei em começar a assistir, mesmo tendo seis temporadas, estreando em 2009. Os vinte e um episódios desta primeira temporada são curtos, com menos de vinte e cinco minutos cada. Mas como a série foi escolhida por nós como o alívio para o cérebro nesta quarentena, assistíamos logo após um episódio de outra série ou filme um pouco mais tensos. Então, agora que ela já foi usada como alívio para a mente, em doses homeopáticas, venho aqui dizer para vocês se ela funcionou bem nesse quesito ou não. Me acompanhe!

Então, para você que é calouro por aqui e não conhece a série, a sinopse:

Um ex-advogado é forçado a voltar à Faculdade Comunitária para conseguir um diploma. No entanto, ele tenta usar as habilidades que aprendeu como advogado para conseguir as respostas dos testes e conseguir um encontro com uma mulher bonita na sua aula de espanhol.

Como eu disse nas primeiras impressões, vou reafirmar aqui: apesar da sinopse entregar algo simplório e clichê, Community me surpreendeu! Ela vai muito mais além daqueles filmes de “besteirol americano” e eu não estou falando única e exclusivamente do filme, ao qual essa expressão remete. A série tem conteúdo e muito a ser discutido. O humor ácido, junto a temas como preconceitos quanto à idade, sexualidade, etnia e gênero, impacta o telespectador, num primeiro momento, mas tudo feito com uma devolutiva reflexiva ao telespectador, sejam as mensagens negativas ou positivas.

Cada um dos personagens principais na Greendale Community College têm a sua característica que os mantém interligados. São diferenças que vão muito além da aparência. Tal pluralidade gera uma infinidade de conflitos reflexivos, onde a série não se limita a ser uma comédia, por vezes, non-sense (com Abed e Troy), mas também a promover discussões de assuntos reais. E, quando não são discutidos ao longo da série, tais abordagens ficam soltas para que o próprio telespectador reflita.

Jeff (Joel McHale) é o galã, o pegador, que atuava como advogado, até descobrirem um “pequeno problema” com seu diploma, o que o faz recorrer à uma faculdade comunitária, onde ele concluirá os estudos em pouco tempo. Quis chegar à faculdade querendo “facilidades” que encurtassem ainda mais seu tempo por lá. Logo que vê Britta, fica fissurado, querendo ter algo mais com ela a todo custo. A primeira tentativa, resulta na primeira reunião do grupo de estudos de espanhol. A partir daí, Jeff se torna “líder” do grupo.

Britta (Gillian Jacobs) é uma mulher que quer estar sempre envolvida em alguma causa humanitária, mesmo que não faça algo efetivo e concreto pela mesma. É tida como uma “mulher sem feminilidade” e “bruta”. Mas a sua marca principal no grupo é ser a “estraga prazeres”.

“Abed (Danny Pudi) é um cinéfilo, que sempre tem as melhores referências de filmes e personagens em suas falas. Abed vem de uma família palestina, com um pai super intolerante às vontades do filho, apresenta dificuldades de interagir com pessoas com as quais ele não conhece. Apesar de aparentar não estar inserido nas conversas, Abed sempre surpreende a todos com suas respostas que, na junção referência e reflexão, torna tudo engraçado, mesmo que não seja a intenção. Sem dúvidas, é o melhor personagem.

Troy (Donald Glover e/ou também Childish Gambino) é um ex-quarterback que perdeu sua bolsa de estudos numa grande universidade, devido a um “acidente”. Por isso, foi parar em Greendale, onde chegou com ares de “cara descolado”, até perceber que, na verdade, estava deslocado. Acabou se redescobrindo na amizade com Abed, com quem proporciona as melhores cenas finais de episódios.

Annie (Alison Brie) é a mais nova do grupo e também demonstra inocência. Devido à impopularidade no Ensino Médio, Annie desenvolveu atitudes de insegurança nas suas relações, independente do contexto, o que a deixa muito nervosa, mas não é de agir por impulso. Por vezes, chega a ser conselheira de muitos, ajudando-os a refletirem melhor antes de agirem. Ela é muito próxima de Shirley.

Shirley (Yvette Nicole Brown) é a “líder” feminina do grupo, como se fosse uma mãe para todos. Ela é mãe de dois meninos, cristã e solteira. Assim como Annie, tem função de mentora no grupo, só que é na parte da ação. Ela tem mania de não conseguir guardar segredos e, às vezes, solta-os sem querer, eu acho… Sofre com o assédio e, ao mesmo tempo, com o racismo do sem noção, Pierce.

Pierce (Chevy Chase) seria um forte candidato a ser totalmente odiado por mim. Machista, racista, homofóbico, egocêntrico… Ou seja, tudo de ruim. Mas, por incrível que pareça, ouso a dizer que ele compõe muito bem o grupo, quase que essencial. Sendo o mais velho, ele funciona como o indicador de que nem todo idoso é sábio e bondoso. Suas falas e atitudes têm sempre um fundo ou um raso, bem escancarado de preconceito enraizado, daqueles que ele fala naturalmente e, quando é repreendido de imediato pelos demais colegas, ele os questiona, como se ele não tivesse falado nada ofensivo ou absurdo.

Essa falta de percepção do personagem é deixada solta no ar, após a repreensão dos outros personagens, de maneira proposital, ao meu ver. Isso faz com que, as falas abomináveis de Pierce fiquem “soltas” na mente do telespectador, mexendo com o subconsciente, de forma que o mesmo se vê na obrigação de refletir. Por vezes, quase soltei risos com os comentários e atitudes dele, mas a vontade logo passa, quando sinto que a reflexão das atitudes dele é jogada novamente para mim. E, é claro que, estando numa universidade, ele tem a crise da idade, onde ele sempre nega e se chateia com quem acha que ele não dará conta, devido a idade.

Tendo os irmãos Russo (diretores de Capitão América – O Soldado Invernal ) como produtores , Community me agradou bastante e cumpriu com o seu papel “terapêutico” de aliviar as tensões da quarentena. O último episódio foi surpreendente, mas não me agradou 100%… Talvez, uns 90%… Gostaria muito de falar sobre o reitor de Greendale, Craig Pelton (Jim Rash) e o professor de espanhol, Señor Ben Chang (Ken Jeong), que são personagens igualmente magníficos e que me fizeram gargalhar SEMPRE. Mas, como já fiz um textão, fica aqui a menção aos dois maravilhosos. Por aqui, daremos continuidade à “fase 2” (lê-se segunda temporada) da terapia Community e recomendo que, quem ainda não assistiu, faça o mesmo.