Assistimos: Cidade Invisível


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On 12 de fevereiro de 2021
Last modified:12 de fevereiro de 2021

Summary:

Quando se fala de folclore brasileiro, a primeira imagem que me vem à cabeça é o Sítio do Pica Pau Amarelo. Essa visão infantilizada é muito forte no imaginário popular, mas se irmos até a fonte dessas histórias, não será tão colorido assim. Apostando em uma abordagem mais adulta das nossas lendas, Carlos Saldanha, Raphael Draccon e Carolina Munhoz nos trazem Cidade Invisível, uma produção original Netflix. Vamos falar sobre?

Quando se fala de folclore brasileiro, a primeira imagem que me vem à cabeça é o Sítio do Pica Pau Amarelo. Essa visão infantilizada é muito forte no imaginário popular, mas se irmos até a fonte dessas histórias, não será tão colorido assim. Apostando em uma abordagem mais adulta das nossas lendas, Carlos Saldanha, Raphael Draccon e Carolina Munhoz nos trazem Cidade Invisível, uma produção original Netflix. Vamos falar sobre?

Mas antes da Cuca pegar, sinopse:

Após uma tragédia familiar, um homem descobre criaturas folclóricas vivendo entre os humanos e logo se dá conta de que elas são a resposta para seu passado misterioso.

O primeiro ponto que quero destacar é a repaginação dada às figuras do folclore. Achei bastante criativo o olhar contemporâneo dado à Cuca, Saci, Iara, etc… Além da mudança visual, a justifica dada também me agradou muito. Particularmente, sou fã de fantasia urbana e ver algo tão próximo a minha cultura foi, no mínimo, empolgante.

Quanto à história, apesar de achar bem amarrada, confesso que não senti grandes novidades. O tom é uma mistura de suspense e trama policial, sendo que o mistério é um pouco evidente e a parte policial tem o famoso clichê do gênero: o subordinado indisciplinado em busca de respostas. Contudo, não achei isso tão negativo assim. Acho que a ambientação me ganhou aqui mais uma vez.

Apesar dessa ambientação ser um grande ponto positivo, tem seu lado negativo. Isso, porque achei um pouco estranho uma trama do tipo se passar no Rio de Janeiro. Acredito que se uma área urbana da região norte fosse escolhida, seria bem mais interessante. Além disso, nenhuma das lendas é representada por alguém da população indígena. A nível cultural, achei um vacilo considerável.

Por fim, quero destacar o vilão da história. Que felicidade ver minha lenda brasileira favorita ganhar destaque. Apesar das adaptações (necessárias, ao meu ver), foi bem interessante ver o tratamento a uma parte do folclore, que geralmente é posta de lado, ter tanta importância na trama.

Com pitadas de Grimm e American Gods, Cidade Invisível é uma série excelente e uma iniciativa incrível para resgate da nossa cultura. Draccon e Munhoz têm sido roteiristas fantásticos nesse aspecto e espero que sigam assinando produções do gênero. No mais, já aguardo a segunda temporada e contando com outras lendas que ainda não deram as caras.