Antes de falar do que vimos, vou falar um pouco de Nathan Sawaya, o artista por trás das obras expostas. No site da exposição diz o seguinte:
“Nathan Sawaya nasceu na cidade de Colville, no estado de Washington, e cresceu em Veneta, Oregon. Era uma criança alegre e criativa que amava desenhar, escrever histórias, fazer truques de mágica e, obviamente, construir seu próprio mundo usando peças LEGO®. A formação em Direito, que completou quando jovem adulto, o afastou de uma vida pautada pela criatividade e pela imaginação, levando-o a iniciar sua carreira como advogado em Nova York. Mas, tal como um leopardo não pode mudar suas manchas, após alguns anos de competição feroz Nathan Sawaya decidiu abandonar tudo e resgatar suas paixões de infância: Brincar, usar toda a sua imaginação e criatividade! De repente, seu “artista interior”, tanto tempo reprimido, disse adeus às negociações de contratos e mergulhou no universo das construções com LEGO®, recuperando uma de suas primeiras paixões”.
Nathan Sawaya e o seu Yellow |
Voltando a falar da exposição: Chegando ao Museu Histórico Nacional nos deparamos com uma grande quantidade de pais com seus filhos e cheguei até me sentir um pouco deslocado, pensando: “Caramba, cá estamos nós em uma exposição para crianças”. Engano meu!
Logo na entrada somos recebidos com uma parede feita com peças gigantes de LEGO® e com uma obra que, acredito eu, foi feita especialmente para essa temporada no Brasil: Um retrato do Pelé. Esse primeiro contato com o trabalho do Nathan já impressiona, pelo menos eu, fiquei muito curioso de como é o processo de montagem e olhando bem de perto para ver os “encaixes”.
Parede feita com peças gigantes |
Retrato do Pelé que se encontra na sala que antecede a exposição |
Ao entrar nos deparamos com uma mão gigante segurando um bloco e obras que representam os mais variados objetos, como: Computador, lápis, peça de xadrez, violoncelo, etc. Peças gigantes e abstratas que eram um deleite para a criançada, eu até então continuava só impressionado com o talento do artista. Uma parte muito legal nesta sala é que era possível ver um pedaço do ateliê do Sawaya, que continha esboços, caixa com peças, fotos e vídeo do processo de criação.
Pencil Yes (9800 peças – 229x30x61 cm) “É um lápis gigante. É muito mais alto que eu. E um excelente utensílio se quiser escrever no teto. O que eu sempre quis fazer…” Nathan Sawaya |
Cello (7695 peças – 140x46x28 cm) “Criei esse violoncelo em tamanho real, todo em peças LEGO®, para encorajar as crianças a explorar o mundo da música. Pode parecer um violoncelo de verdade, mas não tente tocá-lo: Vai soar como uma peça LEGO®, de ponta a ponta!” Nathan Sawaya |
Um pequeno pedaço do ateliê de Nathan Sawaya. |
Mais do ateliê: Os esboços feitos antes das esculturas |
Na TV, o processo de criação; nas caixas, a matéria prima. |
Red Guy Sitting (21682 peças – 117x97x86 cm) “Nas minhas exposições, costumo colocar esse cara sentado, com uma cadeira vazia de cada lado. E, seja qual for a parte do mundo em que estejamos, as pessoas gostam de tirar uma foto com ele, imitando sua pose. Acho que é porque ele parece ser um cara legal.” Nathan Sawaya |
Courtney Yellow (3300 peças – 76×114 cm) “É fascinante usar algo que foi pensado como meio tridimensional (peças LEGO®) em uma criação bidimensional, como uma pintura. Especialmente quando se trata de um retrato.” Nathan Sawaya |
Depois da sala dos retratos, vieram as das expressões humanas e condições humanas. Nestas, o artista abusa da sua criatividade na hora de reproduzir o corpo humano, não só o corpo, mas também os sentimentos. A partir deste contato, meu deslumbramento não era mais só com a estética do trabalho de Sawaya: O significado das obras começou a me causar reflexões e variados sentimentos. Nas fotos abaixo, separei algumas das minhas favoritas. (na verdade, eu queria colocar todas, mas se você quiser ver, vai ter que ir à exposição, risos)
Bulding Red (4875 peças – 58x41x38 cm) “Todos os dias, a vida nos arranca pedacinhos, e toda as noites nos refazemos. E vamos ficando um pouco mais fortes nesse processo. Esta escultura levou mais de duas semanas para ser concluída.” Nathan Sawaya |
Triangle Torso (9147 peças – 88x48x38 cm) Square Torso (9957 peças – 88x60x38 cm) Circle Torso (10305 peças – 88x53x38 cm) “Vamos celebrar as diferenças! Se todos tivéssemos a mesma cabeça, este mundo seria um tanto sem graça, você não acha? Qual a forma geométrica que lhe agrada mais: Uma esfera, um cubo ou uma pirâmide? E qual é a sua cor preferida?” Nathan Sawaya |
Stairway (4750 peças – 97x102x38 cm) “Como membros da raça da humana, percorremos o mundo em busca de oportunidades. Oportunidades para sermos felizes, para termos sucesso. Mas frequentemente descobrimos que essas oportunidades não estão no mundo exterior, mas dentro de nós mesmos. Esta escultura foi construída utilizando peças LEGO® recicladas que foram doadas.” Nathan Sawaya |
My Boy (22590 peças – 97x104x61 cm) “Perda, combinada com amor: Esse é um dos temas recorrentes na minha obra. A escultura Meu Menino é baseada em uma história tocante que meus pais me contaram. Logo depois de ouví-la, comecei a trabalhar nesta escultura, concluindo-a quase dois meses depois.” Nathan Sawaya |
Crowd (4034 peças – 46x94x46 cm) “Esta obra foi inspirada pelas multidões que caminham pelas ruas de Nova York. O grafite no muro funde-se com o colorido das figuras, criando uma imagem que pode ser vista em perspectiva frontal. Você consegue vê-la?” Nathan Sawaya |
Cracked (8948 peças – 81x84x38 cm) “Passei mais de três semanas construindo Cisão, eu utilizei cerca de nove mil peças LEGO®. Além disso, a escultura retrata como me sinto toda manhã.” Nathan Sawaya |
Hands (15161 peças – 99x56x64 cm) “Esta obra é meu pesadelo, no sentido mais literal da palavra. As mãos são minhas ferramentas mais valiosas. Esta escultura levou três semanas para ser concluída e nela foram usadas mais de quinze mil peças.” Nathan Sawaya |
Dinosaur Skeleton (8020 peças – 180x101x592 cm) “Estas é uma das maiores esculturas que já construí. Levei um verão inteiro para montá-la e quase fiquei louco até concluí-la! Depois de ver a quantidade de crianças que foram a primeira exposição individual, achei que precisava agradecer. Por isso, decidi fazer uma escultura especialmente para elas. E o que poderia ser mais interessante para elas que um dinossauro?” Nathan Sawaya |
O esqueleto de Tiranossauro é tão grande que é composto por 14 partes, que podem ser desmontadas separadamente |
Venus de Milo (18483 peças – 189x51x58 cm) “A reprodução em peças LEGO® demandou mais de cem horas de trabalho. Tentei capturar as curvas da peça original aproveitando o formato retangular das peças. o mais difícil foi reproduzir as pregas do tecido. As peças brancas lembram a cor do mármore da escultura original.” Nathan Sawaya |
The Thinker (4332 peças – 72,5×39,5×59 cm) A escultura original é tão incrível que foi maravilhoso reproduzí-la em peças LEGO®. Minha versão tem a mesma escala que a estátua original de Rodin. Capturar a posição correta do corpo provou ser um grande desafio, e ainda estou atônito com a quantidade de detalhes que Rodin conseguiu reproduzir nesta escala.” Nathan Sawaya |
The Scream (3991 peças – 91×73,5 cm) “Ao construir esta réplica com peças LEGO®, optei por enfocar a figura. Queria reproduzir as curvas de seu corpo, uma vez que são os elementos mais reconhecíveis da pintura de Munch. Incluí também pequenos buracos na superfície no lugar das narinas e nas órbitas dos olhos, para reproduzir a sutileza desses órgãos na obra original. Graças a ampla gama de cores dos tijolinhos LEGO®, foi possível replicar a paleta de cores do fundo.” Nathan Sawaya |
Mona Lisa (4573 peças – 77×53 cm) “Decidi fazer uma reprodução altamente pixelizada da pintura usando peças LEGO®. Em vez de tentar capturar cada pequeno detalhe usando peças menores, tentei replicar seu famoso olhar o mais fielmente possível com os blocos maiores. O resultado é surpreendente, porque reflete de forma primorosa a pintura original. Uma fotografia um pouco desfocada da reprodução com peças LEGO® poderia facilmente ser confundida com uma imagem da obra genuína.” Nathan Sawaya |
Azul e amarelo: As cores que fecham a exposição! Na singela e linda sala Blue, nos sentimos dentro d’água, nadando ao lado da escultura. O efeito visual da correnteza é um complemento perfeito à obra. E por fim o famoso Yellow, a escultura símbolo da exposição! Lá estava ela, de peito aberto, nos fazendo ter as nossas últimas reflexões e deixando um sentimento de “quero mais”.
Swimmer (10980 peças – 33x198x75 cm) “Esta obra representa uma nadadora na superfície da água. Deixe que sua imaginação lhe diga o que há na parte não visível da escultura. Nadadora levou duas semanas para ser concluída.” Nathan Sawaya |
Yellow (11014 peças – 89x71x33 cm) “Esta é provavelmente minha obra mais famosa. Sempre foi extremante popular, tanto entre adultos quanto entre as crianças. Por quê? Acho que os adultos valorizam sobretudo a catarse que abrir-se para o mundo pode desencadear. E as crianças? Talvez por causa das entranhas amarelas esparramadas sobre o chão! Acham que isso é super legal! Para mim, essa obra evoca a metamorfose que vivi ao longo de minha trajetória.” Nathan Sawaya |
Depois de ver tantas obras feitas com os famosos tijolinhos, pais e filhos botam a mão na massa! |
Fui para a exposição sem ter visto nenhuma imagem sobre a mesma. As únicas obras que vi anteriormente foram o Red Guy Sitting e o Yellow. Acho que esse foi o motivo maior do meu encantamento com o trabalho de Sawaya, tudo foi surpresa! Outro aspecto muito legal é o fato de vermos um brinquedo tão comum aos nossos olhos se tornando uma obra de arte! É o lúdico e as inquietações que a arte nos traz, tudo em um corpo só: Fantástico!
Se você é do ou está pelo Rio de Janeiro, aproveite esta última semana da exposição e dê “um pulo” lá. Você não vai se arrepender.
Aka Joe. Professor de linguagens místicas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, profissional de estudos psíquicos na Escola Xavier para Jovens Superdotados, amador na arte de grafar e consorte da Bel. Entusiasta dos bardos, contadores de histórias, sábios, estrategistas, aventureiros, tabernistas e bobos da corte.