Nos meus tempos de moleque, onde eu morava, não era difícil ver crianças dentro dos botecos jogando fliper (fui conhecer o termo arcade, anos depois). O jogo mais procurado? Street Fighter II, sem dúvidas! Em meio à febre do “raduken”, “choriuken”, “taiguer robocop”, “ratektektchuruguê”, etc… Tivemos o esquecível filme com o Van Damme e o anime que alegrava as nossas manhãs de sábado: Street Fighter II – Victory. Enfim, tirei a quarentena para rever esse clássico e cá estou para falar sobre.
Mas antes de ir ao encontro do mais forte, vamos ver a sinopse:
Ryu e Ken são grandes amigos e treinaram artes marciais juntos quando crianças. No intuito de se tornarem mais fortes e aprenderem novas técnicas, eles viajam o mundo e conhecem novos estilos de luta e novas pessoas. Durante a jornada eles acabam entrando em uma cilada preparada por uma misteriosa organização chamada Shadowlaw, os dois agora devem enfrentar o desafio final por suas vidas combatendo o maligno Mr. Bison.
O que você acabou de ler é o resumo perfeito da série! O enredo é simples assim: os caras viajam mundo afora trocando soco, mas depois uma trama maior vai se construindo. Pelo que eu me lembro, também senti algo parecido com o jogo. Quando tive a oportunidade de jogar com mais calma, fui percebendo que a trama ia além de “uma briga de rua”.
Contudo, as semelhanças param por aí, porque a história do anime é bem diferente do material de origem. Se fosse para colocar em uma ordem cronológica, os eventos aconteceriam antes de Street Fighter II. Percebe-se claramente que a produção foi concebida somente para fazer propaganda do jogo. Os personagens estão ali, mas diferentes em suas biografias (e alguns até em aparência).
Mesmo com essa simplicidade e diferenças, a série prende bem e, no geral, tem bons momentos. Talvez o único ponto que realmente me incomodou foi o ritmo. No começo é devagar, fica excelente no meio da temporada e vai acelerando na reta final. Só para situar os mais “antigos”, é no meio da temporada que acontece a cena icônica de Ryu treinando o hadouken na praia. Foram sábados de emoção, não é mesmo?
Como um bom produto da década de noventa, a violência está presente em abundância. Seja de forma direta ou nas entrelinhas. Assistindo com os meus olhos de adulto, fiquei incomodado com alguns momentos e me perguntei como aquilo era destinado ao público infantil. Minha década foi realmente doida, bicho.
Além do roteiro e estética, a dublagem também é tipicamente noventista. As entonações, a falta de paciência nos diálogos e principalmente as expressões. Destaque para o bordão do Ken: “Ih, ó o cara aí”. Esse aspecto foi o que mais me divertiu nesse “reencontro”.
Apesar de ser “das antigas”, o anime ainda me entregou uma “novidade”. Eu nunca tinha reparado em um easter egg constante nos episódios. Não vou dar detalhes, porque vai que você também não saiba do que eu estou falando. Se não souber e for assistir, fique atento às multidões.
Datado, mas ainda capaz de me prender a atenção, Street Fighter II: Victory é, além de nostálgico, ideal para quem busca um entretenimento mais descompromissado. Contudo, a nostalgia não foi o suficiente para superar a falta de ritmo e comodidades do roteiro. Sim, me tornei um adulto chato.
Aka Joe. Professor de linguagens místicas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, profissional de estudos psíquicos na Escola Xavier para Jovens Superdotados, amador na arte de grafar e consorte da Bel. Entusiasta dos bardos, contadores de histórias, sábios, estrategistas, aventureiros, tabernistas e bobos da corte.