O Twitter “caiu” com a entrada de Neon Genesis Evangelion no catálogo da Netflix! Bem, pelo menos na minha bolha não tinha outro assunto. Como eu adoro pegar carona no trem do hype, resolvi reassistir e finalmente terminar. Pois é, eu nunca tinha visto todo o anime e quem é meu contemporâneo vai entender: só tinha acesso ao Locomotion nas férias e não consegui todo o material por fansub… Enfim, sem mais lamentações ao passado sem streaming, vamos direto ao ponto!
Mas primeiro, sinopse:
Em um mundo pós-apocalíptico, uma organização paramilitar chamada NERV é criada para combater monstros chamados Anjos, utilizando seres gigantes chamados Unidades Evangelion (ou EVAs). Estes seres são controlados por adolescentes, recrutados pelo ano em que nasceram, quando ocorreu o Segundo Impacto. Com outros jovens que foram treinados para pilotar os EVAs e com a ajuda dos membros da NERV, eles tentam derrotar os Anjos e evitar o Terceiro Impacto, que levaria a destruição da humanidade.
O anime começa de forma bem leve e dentro da proposta apresentada na sinopse. Temos a apresentação do universo, problemática, mechas, etc. Porém, Neon Genesis Evangelion está longe de ser tão didático e simplista! A produção entrega um enredo bastante complexo que deixa mais perguntas do que respostas. Lembro-me bem das interrogações que ficavam na minha cabeça e que eu seguia assistindo na esperança de entender algo, hahaha.
Isso acontece porque paralelamente à ação, a trama apresenta um drama psicológico perfeitamente trabalhado. Entre conceitos da psicologia, filosofia e psicanálise, o roteiro nos faz mergulhar na cabeça dos personagens! O resultado são construções incríveis que facilmente dialogam com o público alvo. Lembro-me que alguns personagens dialogavam muito bem com o meu “eu do passado”, mas nesse reencontro, meu olhar foi mais “científico” do que emocional. Ainda sei pouco sobre psicologia, mas a cada referência, ficava encantado como houve estudo para a construção da obra.
Outras referências muito presentes são as religiosas. Nesse aspecto, tenho pouco conhecimento para citar, mas há muitas metáforas. Umas muito óbvias: anjos, EVA e o supercomputador MAGI; outras nem tanto: referências à cabala e textos apócrifos, por exemplo. Tem pontos que eu só fui “pegar” nessa assistida de agora e que me fizeram pensar: “Nossa! Como eu não percebi isso antes?”. Coisas que acontecem com quem não fez escola dominical.
Além de todo esse papo cult, a produção se sustenta muito bem com a ação. Os inimigos são mais do que simples seres gigantes que atacam a cidade, porque a cada episódio surge um anjo com alguma particularidade nunca vista. Isso mantém o ritmo da trama e apresenta um perigo real. Afinal, o anime é de robôs gigantes e era por isso que eu assistia antigamente!
Mesmo terminando de forma um pouco frustante, Neon Genesis Evangelion entrega um produto tecnicamente impecável (trilha sonora, ângulos, cenários, etc.), com um roteiro repleto de ação e reflexões profundas sobre as nossas mazelas. Por mais que possa dialogar pouco com um público adulto, nada ali é superficial e talvez o estranhamento causado seja necessário. Na minha opinião, são as questões deixadas que fazem uma ficção científica ser boa, e nesse aspecto, Evangelion envelheceu muito bem.
Aka Joe. Professor de linguagens místicas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, profissional de estudos psíquicos na Escola Xavier para Jovens Superdotados, amador na arte de grafar e consorte da Bel. Entusiasta dos bardos, contadores de histórias, sábios, estrategistas, aventureiros, tabernistas e bobos da corte.