Pode-se dizer que em nosso imaginário coletivo há uma imagem de herói. Aquela pessoa cheia de virtudes, que é um exemplo e que se sacrifica pelo bem maior. Enquanto você lê isso, provavelmente pensou em alguns, não é mesmo? Talvez estejamos em uma época onde a figura do herói se faz mais forte no entretenimento do que nunca. Fugindo do escopo dos superpoderosos, o Studio Ponoc nos traz ‘Heróis Modestos: Cinema de Curtas da Ponoc’, uma antologia de três curtas que tratam do heroísmo em pessoas comuns.
Mas antes dos atos de bravura, vamos à sinopse:
Dois irmãos subaquáticos vivendo sozinhos, um garoto alérgico a ovo e um homem invisível para o resto da sociedade protagonizam três curtas animados.
Como o título bem diz, os heróis são modestos. Por conta disto, pode-se dizer que as três histórias tratam de situações que são (ou podem ser) comum a todos nós. Mesmo nas mais fantasiosas, achei que as questões sentimentais e existenciais são gritantes na narrativa. Sem mais enrolações, vou falar individualmente sobre cada um dos curtas.
A primeira história é “Kanini & Kanino“, que podemos resumir como uma aventura subaquática onde humanoides pequeninos tem de mostrar coragem. Quanto a trama, vou me resumir a isso, porque se não vira spoiler. Porém, posso comentar que é uma história cheia de aventura, superações e amadurecimento. Uma coisa que me impressionou foi a qualidade técnica presente nos cenários… Que coisa linda, meus amigos! O desenho e animação da água e dos peixes maiores é impressionante! Um presente para os olhos!
Já o segundo curta é um soco certeiro para os alérgicos ou os pais destes. Em “A Vida Não se Perderá (Life Ain’t Gonna Lose)” acompanhamos a história de Shun, um menino que possui alergia a ovos, e sua Mãe. Por mais que as cores desta animação sejam mais vivas que na anterior, pode-se dizer que a história é bem mais sombria. Isso, porque o roteiro traz a questão da alimentação, que é essencial para a vida, mas no caso de Shun, pode ser causadora de morte. Uma luta heroica pela sobrevivência sob a ótica da infância e maternidade.
Por fim, temos “Invisível (Invisible)“, o mais metafórico dos três curtas. Neste somos apresentados a um homem que é invisível e leve, mas tão leve que precisa segurar algo pesado para se manter no chão. Essa foi a história que mais me cativou. É impressionante como a questão do isolamento e solidão é retratada nessa animação. Mesmo sem conseguir ver as expressões do protagonista, é possível captar o sentimento dele com facilidade. Foi impossível não me imaginar nesse movimento de não perceber as pessoas no cotidiano. Muito tocante e também tem um forte senso de heroísmo, como era de se esperar.
“Heróis Modestos: Cinema de Curtas da Ponoc” é uma produção tecnicamente impecável e com mensagens potentes que, em níveis diferentes, me fez ficar emocionado. Com um time formado por animadores e diretores que eram do Studio Ghibli, ficou praticamente impossível não gostar do resultado final. É um entretenimento rápido, profundo e altamente recomendável. Se não conhece, corre lá na Netflix e assista!
Aka Joe. Professor de linguagens místicas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, profissional de estudos psíquicos na Escola Xavier para Jovens Superdotados, amador na arte de grafar e consorte da Bel. Entusiasta dos bardos, contadores de histórias, sábios, estrategistas, aventureiros, tabernistas e bobos da corte.