Há certas músicas que mexem profundamente com os nossos sentimentos, não é verdade? Para quem não conhece, Anathema é uma banda britânica que é especialista em fazer músicas desse tipo. Os garotos de Liverpool (não comparando com aqueles que vocês pensaram) que começaram no Doom Metal, vem modificando a sonoridade ano após ano e não foi diferente em The Optimist, o décimo primeiro álbum de estúdio da banda que foi lançado na última sexta-feira.
A primeira faixa do disco tem certas curiosidades, vamos lá: “1ª: Temos sons de mar e barulho de carro ligando. 2ª: O nome da faixa é uma coordenada geográfica”. O que isso tudo quer dizer? Bem joguemos as coordenadas no Google:
|
“Tá, mas e aí?” |
|
“Tcharam!” |
Sim! The Optimist é o “prequel” de A Fine Day to Exit, de 2001. Então a primeira faixa faz a ligação entre os álbuns. A partir de agora nos deparamos com a jornada do Otimista sendo contada de traz para frente! A faixa que segue é Leaving It Behind que é uma referência sonora direta com o Distant Satellites (2014), aquela música que começa um pouco pop-rock e vai progredindo até à atmosfera da banda. Uma das faixas que mais me agradou em todo álbum. Logo depois, temos Endless Ways, a primeira aparição de Lee Douglas no álbum. Como sempre a sua performance é carregada de emoção! A sonoridade dessa faixa lembra muito outras músicas já cantadas pela Lee na discografia da banda.
Em seguida temos a faixa que dá nome ao álbum: The Optimist traz o clima de despedida do personagem à sua vida e o otimismo que ele sente ao fazer isso. A faixa de sonoridade experimental tem uma forte presença do piano, assim como a faixa instrumental que vem a seguir: San Francisco. Uma faixa com uma pegada bem pop… Algo que dá a impressão de “esperava mais de vocês”.
No meio do álbum temos Springfield, o primeiro single lançado deste trabalho. Mais uma vez o experimentalismo faz o caminho da melodia, trazendo à tona reflexões ao nosso Otimista: “How did I get here? I don’t belong here (Como eu cheguei aqui? Eu não pertenço aqui)“. Logo após, temos o retorno de Lee em Ghosts, o que na minha opinião é a faixa em que ela mais se destaca neste álbum.
Can’t Let Go dá um outro tom ao trabalho: os sons eletrônicos tem forte presença, fazendo o ritmo mais acelerado casar com a insegurança do Otimista. A sonoridade muda drasticamente em Close Your Eyes, que por um momento traz a famosa melancolia da banda, mas infelizmente não a alcança em sua plenitude.
O piano se faz mais uma vez importante em Wildfires (faixa que menos me agradou), que ganha batidas eletrônicas e linhas de guitarra no decorrer da execução. Por um momento Vincent quase explode seu vocal, pena que não chega lá… E depois de tudo, chegamos à ultima faixa do álbum e o pontapé inicial do Otimista: Back to the Start, a faixa possuidora do arranjo mais belo de todo o álbum! O leve prog nos embala até as “cenas pós-créditos” do disco, onde podemos ouvir algo que não vou dar spoiler, hahaha.
The Optimist acerta fortemente no conceito de explicar o começo de uma história apresentada há 16 anos e em fazer muitas referências a antigos trabalhos da banda. Entretanto, o disco não é um dos mais primorosos da banda, pois traz arranjos pouco ousados e letras bem repetitivas. Isso não o faz um disco ruim, mas em algo que eu sinceramente não esperava do Anathema. As mudanças sonoras da banda nunca foram problemas para mim, porém, dessa vez não gostei dos caminhos. Talvez eu mude minhas concepções quando vê-los em agosto e até pare de sentir falta da melancolia de sempre… Enfim, vamos esperar para ver.
Aka Joe. Professor de linguagens místicas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, profissional de estudos psíquicos na Escola Xavier para Jovens Superdotados, amador na arte de grafar e consorte da Bel. Entusiasta dos bardos, contadores de histórias, sábios, estrategistas, aventureiros, tabernistas e bobos da corte.