Primeiras Impressões: V de Vingança

Pensei muito em escrever ou não sobre as minhas primeiras impressões dessa graphic novel. V de Vingança é mais velha do que eu (1982). Ah, vá… Sério, Bel?! Então, há várias resenhas por aí e, se eu fosse fazer as primeiras impressões, este seria um texto sem importância ou relevância para o leitor. Já tem várias prontinhas, completas, com ou sem spoilers, feitas há muito mais tempo. Portanto, teria que ler essa HQ o mais rápido possível.

Só que, pensando mais um pouco e, durante a leitura de V de Vingança, percebi que ela não merecia essa pressa. Parece até que eu tô falando de uma pessoa, mas a questão é que a mensagem que ela estava me passando era importante demais para ser lida com pressa. É preciso absorvê-la. Portanto, aqui estou para falar, sim, sobre as minhas primeiras impressões, porque estamos em outra época, nós somos únicos e, desta forma, temos opiniões e/ou olhares diferentes. Então, vem comigo que eu te conto um pouco do que tô achando!

Sinopse

Uma poderosa e aterradora história sobre a perda da liberdade e cidadania em um mundo totalitário bem possível, V DE VINGANÇA permanece como uma das maiores obras dos quadrinhos e o trabalho que revelou ao mundo seus criadores, Alan Moore e David Lloyd. Encenada em uma Inglaterra de um futuro imaginário que se entregou ao fascismo, esta arrebatadora história captura a natureza sufocante da vida em um estado policial autoritário e a força redentora do espírito humano que se rebela contra esta situação. Obra de surpreendente clareza e inteligência, V DE VINGANÇA traz inigualável profundidade de caracterizações e verossimilhança, em um audacioso conto de opressão e resistência.

Com roteiro de Alan Moore e desenhos de David Lloyd, V de Vingança é um quadrinho da Vertigo, que pertence à DC Comics, pois reúne quadrinhos para adultos. Porém, a partir de janeiro de 2020, selo Vertigo deixará de existir, sendo substituído pelo selo DC Black Label, o que indicará a faixa etária (acima dos 17 anos), uma vez que haverá outros selos para que haja essa distinção.

Mas, voltando a falar da graphic novel em questão, V, assim ele se apresenta, é um homem mascarado e misterioso. Sua máscara é a face estilizada do conspirador Guy Fawkes que, em 5 de Novembro de 1605, foi preso por tentar implodir o Parlamento Britânico. O quadrinho já começa pesado, com uma adolescente de 16 anos, a Evey, quase sofrendo um estupro coletivo. É aí que V e Evey se encontram pela primeira vez, quando o “policial” iria fazer isso como forma de “punição”, pois Evey propôs um programa a um deles. A partir daí, eu já não posso falar mais sobre o que acontece, mas posso adiantar que são momentos grandiosos e tentarei descrever um pouco o que percebi.

Já nas primeiras páginas, me senti muito tocada com as palavras do V. Fazendo uma ponte com a realidade e a atual situação política, sendo mais precisa e direta, com a atual situação da expressão nerd, mesclada à isso, eu fico perplexa em como uma pessoa, um cidadão, um indivíduo que faz parte de um povo, de uma sociedade, consegue ler esse quadrinho, não se sentir impactado, não apenas com as palavras e ações do V, mas com tudo que gira entorno do seu propósito e, simplesmente, achar que quadrinhos não podem ou, pior, não devem ter política. Dizer que esse quadrinho é um clássico, dizer que o leu, mas que não concorda que quadrinhos deveriam falar sobre política… Na minha, humilde opinião, os quadrinhos também ensinam e também podem, devem e são, amém por isso, ricos em conteúdo. E, por que não devem ensinar política? Agora, se a pessoa leu e não entendeu ou, não não concorda … Não venha EXIGIR que os outros não possam ter acesso.

Me senti tocada por essa leitura. Em poucas páginas pude entender o motivo pelo qual as pessoas têm tanta devoção por esse quadrinho. E foi aí também que percebi que V de Vingança é grande e muito rica para ser lida com pressa. Quando eu digo que esse quadrinho é grande, não é com relação à quantidade, mas sim à preciosidade de conteúdo que eu prevejo na obra. Do filme, por exemplo, eu lembro pouca coisa, mas essas primeiras páginas já me impactaram muito. O diálogo com a Justiça, a declaração de amor feita e, ao mesmo tempo, a libertação desse amor da infância, devido à traição da mesma para selar e devotar amor à sua nova musa, a Anarquia, foi brilhante. A beleza que há nas palavras do V são impactantes e prazerosas demais; são reconfortantes, acolhedoras e impulsionadoras.

Sem falar na arte belíssima de David Lloyd: detalhista, sombria, mas, ao mesmo tempo, brilhante, luminosa. Os traços deixam, perfeitamente, em evidência as expressões de cada um dos personagens, independente de suas posições dentro do quadro. Pouquíssimas cores, em tons pastéis, mas mesmo assim, é o suficiente.

Bem, espero não demorar muito para voltar aqui. Acredito que não vá acontecer, porque pretendo dedicar muito do meu tempo a este quadrinho apenas. Ele merece tempo e, dificilmente, irei deixá-lo para ler outra coisa. Na verdade, acho impossível eu fazer isso, tamanha a minha empolgação.