Ainda com o hype do filme Pantera Negra, do qual já falei por aqui, resolvi ler alguns quadrinhos do personagem, a fim de conhecê-lo mais, pois ao assistir o filme acabei me interessando por todo o seu engajamento cultural, social, e político. Por mais que Wakanda seja um local fictício e de tecnologia igual, com seu misticismo particular, é possível localizar pontos de referência ao mundo real.
Neste artigo, vou falar sobre o quadrinho Pantera Negra Vol. 2, uma minissérie do primeiro herói negro das histórias em quadrinhos, dividida em 4 partes, que foi lançada em 1988. Essa não foi a primeira história do Pantera Negra que li (foi a segunda), mas me interessei pelo fato de ser a mais antiga que consegui para ler (o ano em que nasci… sou “das antigas”…).
Na parte 1 de Pantera Negra Vol. 2, o rei T’Challa luta contra um rinoceronte, quando percebe algo anormal: duas panteras negras surgem e o atacam. Isso o faz começar a crer que o Espírito da Pantera o abandonou, o que afeta sua relação com o povo de Wakanda, fazendo-os duvidar de sua aptidão para governar. Ao mesmo tempo, em Azânia, um país vizinho e racialmente segregado, alguns homens são torturados, quando um deles clama por salvação ao Espírito da Pantera, que o atende, transformando-o num gato selvagem, que comete atrocidades pelo país segregado pelo regime do Apartheid (regime de segregação racial ocorrido na África do Sul entre 1948 e 1994).
Um grupo de supremacistas brancos com “collants coloridos e super-poderes” atacam Wakanda na parte 2 do quadrinho. Achei essa parte meio boba e me pareceu mais uma “encheção de linguiça” beeeeem desnecessária, porque tinha história e tinha vilão. Não havia necessidade de enfatizar o lado bom e mal, mesmo que o Espírito da Pantera estivesse barbarizando por Azânia, ou seja, não precisava desenhar tão mal…
A parte 3 foi o que melhorou a história e deixou mais claro ainda o quão desnecessário foi aquele grupo supremacista. Um míssil nuclear ameaça Wakanda e desperta em T’Challa a necessidade de se sacrificar por seu povo e na parte 4 ele luta contra o Espírito da Pantera para definir o destino da nação wakandiana.
O enredo é bem construído, tirando a parte do “Team Supremacista”. Confesso que fiquei um pouco confusa com relação ao Espírito da Pantera, mas na última parte, descubro os motivos dele ter abandonado T’Challa, que são bem interessantes. Outra coisa que me deixou um pouco confusa foi o fato de ter uma nação racista bem próxima de Wakanda… Vizinha! Era nítido que um embate aconteceria, mais cedo ou mais tarde, né?! A arte tem muitos sombreados e tem cores muito fortes, destaque para as cores verde, vermelho, amarelo, preto, azul e branco, que estão presentes em todas as páginas. Acredito ser referência à bandeira da África do Sul, local onde sucedeu o o Apartheid, e que também faz referência pós-regime. Algo curioso é que no filme Pantera Negra, o diretor Ryan Coogler descreve uma das cenas em que também fez referências às cores da bandeira.
Pantera Negra Vol. 2 é, no geral, uma leitura muito agradável e, por ser um quadrinho antigo, você encontrará muitos balões para ler. Esse é um daqueles quadrinhos educativos, que trazem questões reais de preconceito, intolerância, violência, abalo político e social. É uma leitura rápida e muito válida.
“Eu sou Groot” e professora. Adoro assistir filmes e séries; ler livros e HQs e “eu QUERIA fazer isso o dia todo”. Espero ter “vida longa e próspera”…