Mais um quadrinho foi lançado por Felipe Castilho em seu projeto de financiamento coletivo. Em Nitidez, a parceria é com Kione Ayo, na bela arte que compõe esta HQ. Como roteirista das HQs publicadas, Castilho descreve o projeto como “Você me ajuda a viver de histórias, e eu te encho delas – todo mês!”. Então, aqui estou para falar das minhas impressões sobre mais essa HQ tão atual. Me segue!
Antes disso, a sinopse:
Esta história foi feita pensando nos esforços de professores durante a pandemia, tendo que se adaptarem aos inúmeros percalços de um ‘EAD’ improvisado enquanto eram (e ainda são) atacados pela ignorância de um pessoal muito específico que os enxerga como inimigos doutrinadores.
A descrição da trama feita por Felipe Castilho dispensa explicações. Nitidez é uma HQ de leitura rápida, de fácil compreensão, seja de mensagens explícitas ou implícitas. O roteiro de Felipe Castilho trabalha, perfeitamente, em conjunto com a arte da ilustradora Kione Ayo que, numa HQ toda em tons acinzentados, utiliza estes para transmitir ao leitor as texturas, sombreados e detalhes em expressões, mesmo sem o recurso de outras cores. As imagens falam muito mais do que os balões de fala neste quadrinho.
De forma muito criativa, Nitidez apresenta uma crítica ao ensino híbrido e como ele, infelizmente, não é para todos, mesmo sendo ao muito defendido atualmente, devido à pandemia. E mais: vejo críticas ao negacionismo promovido em redes sociais (principalmente por estâncias maiores de poder) e de como essa modalidade entraria em conflito com o ensino promovido pelo professores nas escolas.
Em resumo, Nitidez explicita a forma como muitos alunos são invisibilizados ainda mais nesta pandemia, devido às dificuldades de acessibilidade ao ensino remoto, por meio da internet e de equipamentos que possam provê-los do ensino e contato com os professores. A história mexeu muito comigo, por ser um drama, de certa forma, pessoal. Me deparo com diversas situações para estabelecer contato com meus alunos nesta pandemia, mesmo que alguns grupos na sociedade tentem diminuir a função do professor, mas principalmente, a sua importância e valor, quando se dá visibilidade à narrativas falsas do que realmente ocorre no chão da sala de aula.
Finalizo este texto agradecendo aos quadrinistas Felipe Castilho e Kione Ayo por me proporcionar uma leitura, de certa forma, acalentadora, uma vez que deixa explícito os sentimentos e as ações de nós, professores, não apenas durante a pandemia, mas também muito antes da mesma. Sempre procuramos voltar nossas atenções para os nossos alunos de forma individual e esse quadrinho transmite bem o que passamos todos os dias no chão da sala de aula e, hoje, em casa, atrás de telas. E, mesmo com a desvalorização, é nítido que seguimos resistindo e nos reinventando. Sempre!
“Eu sou Groot” e professora. Adoro assistir filmes e séries; ler livros e HQs e “eu QUERIA fazer isso o dia todo”. Espero ter “vida longa e próspera”…