Lemos: Homem de Ferro – O Demônio na Garrafa

Desde o primeiro filme do Homem de Ferro, algo me intrigava na construção do personagem: Tony Stark é alcoólatra e depressivo, mas esse aí, não… A “fórmula” vendida por Robert Downey Jr. deu certo, sem dúvida alguma, mas eu realmente gostaria de ver o Stark na sua “essência”. Houve uma festa em Homem de Ferro 2 (se não me engano), onde Tony Stark bebe demais e cai na pancadaria com Rhodes, numa luta com armaduras. Porém foi só nesse momentinho… E isso poderia ser pesado demais para uma franquia que estava atingindo o publico infantil.

Já li outras HQs que fazem menção ao alcoolismo de Tony ou quando ele mesmo se comporta como tal, depositando todas as suas frustrações na bebida. Mas em Homem de Ferro – O Demônio na Garrafa (como o próprio título já entrega) podemos ver um Tony Stark se destruindo aos poucos, ao enfrentar seus inimigos externos e internos.

O Homem de Ferro, já nas primeiras páginas, trava uma luta com Namor, o “Príncipe do Submarino”, devido a uma apropriação de terras para o exército. No decorrer da história, Tony descobre que o homem por trás de toda confusão que recaía sobre ele, tinha ligação com um único homem, cujo objetivo era dominar o mercado e tirar a Stark Internacional (ou as Indústrias Stark, como vemos nos filmes) da liderança.
É em meio a esses e outros conflitos, que Tony Stark conhece seu outro inimigo, dessa vez, bem particular: o álcool. Devido às suas frustrações em combate e à falta de criatividade em produzir projetos para a Stark Internacional, Tony se entrega à bebida, que lhe traz problemas em dobro, tanto na vida pessoal e profissional, como na vida heroica , atuando como Homem de Ferro.
Acho muito atraente expor esse lado frustrante dos super-herois, uma vez que, Tony Stark tem uma a vida mais glamurosa de todos os heróis que vemos, regada a festas animadas e ornamentadas com muita ostentação, um homem aclamado pela mídia e pelo mundo tecnológico. Ter acesso a esse “lado B” do Homem de Ferro expõe certa contradição aos significados de riqueza/pobreza/felicidade/tristeza, em suas definições puras, que não é tão simples obter apenas o lado positivo pra si e que há um conflito quando o lado negativo é mascarado por muito tempo. Aliás, hoje em dia, o que mais temos são pessoas mascaradas (e não são dos cosplayers 😍que eu tô falando), principalmente nas redes sociais, onde o glamour que há (ou não) em suas vidas é moeda de troca, literalmente, pois lucram com as curtidas em suas fotos. Mas será que é aquela felicidade toda mesmo, o tempo todo? Será que assim como Tony, eles também não têm de lutar contra os seus “demônios”?
Homem de Ferro – O Demônio na Garrafa é uma HQ pra se ter com toda a certeza! Poder ter em mãos um quadrinho que mostre a outra face de um super-heroi é extremamente interessante pra quem é fã, principalmente, quando se é um lado obscuro, algo diferenciado do que é de costume, um lado tão humano, que todos nós temos. Tudo isso fez Tony Stark escolher quem venceria a batalha: “A bebida… ou o sonho?”