Cá estou para falar de mais uma obra de Paco Roca, um dos meus quadrinistas favoritos. Desta vez, a obra não trata de questões familiares, mas mesmo assim a sutileza de Roca segue emocionante! Sem mais enrolações, vamos falar de El Faro (O Farol), um quadrinho que traz reflexões sobre perdas e sonhos.
Mas antes, vamos ver a sinopse:
Francisco é um jovem soldado republicano que, ferido, foge das tropas falangistas. Na sua fuga chega a um lugar onde só existe o mar e a companhia de um faroleiro, que o salva de morrer afogado. Telmo, o faroleiro, irá iniciá-lo, pelo meio de muitas referências literárias aos heróis clássicos, como Ulisses, Gulliver ou Simbad, num mundo de aventuras que ele não sabia existirem.
O primeiro ponto que destaco é que se trata de um quadrinho que traz aspectos históricos. Confesso que pouco sei daquele recorte, mas Paco apresenta o suficiente para que o leitor compreenda àquela situação. É um cenário de guerra e o protagonista é um sobrevivente com pouca (ou nenhuma) opção. Tal aspecto nos leva ao próximo ponto.
Desabrigo. É esse o primeiro sentimento que vejo ao ler Francisco. A princípio, parece que a única coisa que o move é seu instinto de sobrevivência, afinal, o país está um caos e tudo que ele conhecera se foi. As marcas daquela guerra o atravessam de forma potente a ponto de tirar o vigor de sua juventude. Contudo, seu caminho muda após o encontro com Telmo.
O faroleiro é um personagem que esbanja sonhos. Logo, ele se apresenta o oposto do protagonista. A partir dessas diferenças surgem diálogos e situações emocionantes. O que mais me encantou na figura de Telmo é a quantidade de referências literárias que entra na história através dele. Esse modo de viver a arte trouxe encontros impactantes para Francisco (e para mim também, hahaha).
El Faro é mais uma história de Paco Roca que mexeu comigo de uma forma que mal consigo explicar. Ler sobre perda de esperança e sonhos em um período pandêmico me trouxe reflexões intensas. Acho bonito quando uma obra tem esse poder de nos tirar do lugar comum e fazer lembrar que pode haver beleza mesmo nos momentos mais difíceis. No mais, recomendo muito e desejo que nossos sonhos sigam firmes.
Aka Joe. Professor de linguagens místicas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, profissional de estudos psíquicos na Escola Xavier para Jovens Superdotados, amador na arte de grafar e consorte da Bel. Entusiasta dos bardos, contadores de histórias, sábios, estrategistas, aventureiros, tabernistas e bobos da corte.