“Arton. Mundo de problemas, pensam uns. Mundo de desafios, dizem outros“. A frase que abre o livro básico de Tormenta20 resume bem esse universo que tanto amo. Por vezes, as histórias de Arton tratam de problemas gigantescos, que mudam todo o mundo. Em outras, acompanhamos aventureiros com objetivos mais simples, que só com muita sorte virariam canções na boca de um bardo. Quanto a quais destes problemas Dungeon Crawlers trata, não sei se te falarei, mas as minhas impressões sobre o quadrinho, certamente o farei. Vem comigo?
Mas antes de rastejar pela masmorra, sinopse:
Os elfos, dizimados. Derrotados. Amargos. Loucos.
Um elfo que tenta esquecer tudo. Uma humana que tenta aprender tudo. Uma amiga leal.
Eles vão retornar à Cidade dos Elfos para desvendar seus segredos e, talvez, trazer esperança a esse povo. Eles são rastejantes de masmorras. Dungeon crawlers.
O primeiro ponto que quero destacar é o roteiro. Para quem gosta de RPG, vai ver que a narrativa soa muito familiar. Afinal, temos um grupo de aventureiros em busca de artefatos e um exército de hobgoblins no caminho. Apesar de servir como uma grande inspiração para nossas mesas, esse não é o único trunfo da história, porque a aventura é fluida, divertida e capaz de agradar até os leitores que não jogam e tampouco conhecem o mundo de Arton.
Isso, porque o quadrinho dá uma excelente contextualização do universo em que está inserido. Se você nunca leu nada sobre Tormenta, em poucas páginas vai conhecer Arton, seus deuses, a Aliança Negra, etc… E se você já é familiarizado com o mundo, nada como um bom resumo para refrescar a memória.
Quanto à parte que considero divertida, destaco o humor presente na trama. Nesse ponto, todo o mérito vai para a forma como Cassaro construiu os protagonistas. Temos Aurora, uma clériga de Tanna-Toh, a Deusa do Conhecimento; Brigandine, uma guerreira pouco corajosa que veste uma armadura completa e pesada, além de carregar um escudo gigante; e Fren, um elfo ranger, que cultua Alihanna, a Deusa da Natureza.
A parte engraçada se dá nos conflitos entre Aurora e Fren, uma vez que eles possuem visões de mundo antagônicas. Aurora representa o conhecimento, age de forma premeditada e sistemática. Enquanto Fren, representa o “selvagem” que age de forma impulsiva e irresponsável. A dinâmica entre eles rendem situações hilárias, porém não só isso, porque pode-se perceber uma analogia clara aos aspectos da colonização e catequização dos povos originários. Independente do tom, o embate entre “civilizado x bárbaro” permeia toda a história.
Voltando ao aspecto rpgístico do quadrinho, é possível ver várias referências ao hobbie. Além do título (cuja tradução é: rastejantes de masmorra), encontra-se facilmente referências às regras e até à quebra de arquétipos do RPG que a 3ª edição de Dungeons & Dragons permitiu.
Por fim, todo o destaque as artes de Daniel HDR. Além dos traços belíssimos presentes nos personagens e cenários, HDR desenhou cenas de combate impressionantes! Fora a capacidade de expressar os momentos cômicos com super deformed e outros recursos visuais. O resultado final é uma bela mistura entre mangá e comics.
Acredito que Dungeon Crawlers seja uma das melhores entradas para o universo de Tormenta, porque como disse anteriormente, a história é fluida, divertida e situa muito bem o leitor no mundo de Arton. Entretanto, vale lembrar que estamos falando de uma história publicada originalmente em 2004 e muita coisa mudou de lá pra cá. Então você vai precisar se atualizar depois e não vai se arrepender, pois Arton é incrível!
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Aka Joe. Professor de linguagens místicas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, profissional de estudos psíquicos na Escola Xavier para Jovens Superdotados, amador na arte de grafar e consorte da Bel. Entusiasta dos bardos, contadores de histórias, sábios, estrategistas, aventureiros, tabernistas e bobos da corte.