Lemos: Corpos

Não se julga o livro pela capa. Nem o quadrinho. Mas eu caí nessa e confesso que doeu um cadinho. Um pouco no bolso, sim, mas em grande parte, foi a decepção. Resolvi comprar um quadrinho recentemente lançado e muito comentado. Não posso dizer que foi uma recomendação, ou que li alguma análise, porque não foi assim. Só estava sendo bem divulgado e, como eu já queria adquirir quadrinhos de outros selos, que não fossem Marvel ou DC, a minha curiosidade e atração pela capa e, principalmente pela sinopse, contribuíram fortemente para que eu a comprasse.

A HQ em questão é a Corpos, lançada neste ano, pela Panini Comics, com o selo Vertigo. Por ser um selo que, ao meu ver, é possuidor de histórias mais adultas (não é esse adulto que vc tá pensando… Mas que tem cenas de sexo tem.), achei por bem adquirir algo diferente e calhou de ser um lançamento, apesar de eu ter comprado uns dois ou três meses depois de ser lançada. O roteiro é de Si Spencer, com a colaboração de Dean Ormston, Phil Winslade, Meghan Hetrick e Tula Lotay, pois cada um desses escritores é responsável por um período histórico.

Mas enfim, a história é a seguinte: Quanto assassinatos, ocorridos em épocas diferentes, estão interligados, assim como há um detetive em cada um a fim de investigar e solucionar o caso. E, quando eu digo que os assassinatos são em épocas diferentes, é porque são bem distantes mesmo: 1890, 1940, 2014 e 2050, ambas em Londres. Essas datas não foram escolhidas à toa. Todas têm a sua importância histórica e também com uma previsão do futuro: os assassinatos de Jack, o Estripador; a Segunda Guerra Mundial; manifestações racistas e um possível apocalipse tecnológico.
A Londres, em suas quatro eras, é descrita da seguinte forma, na contracapa do quadrinho:
1890 – “Enquanto Jack, o Estripador, assombra os becos, o inspetor Edmond Hillinghead — o detetive mais diligente da cidade — usa suas habilidades em um caso ainda mais complicado. A vítima é um homem não identificado. O assassinato pode ter aliados poderosos. E o maior segredo de Edmond pode ser exposto se ele se aproximar demais da verdade.”

1940 – “Enquanto os alemães bombardeiam a cidade, o inspetor Charles Whiteman é o dono das ruas. Ele escapou dos nazistas na Polônia apenas para perpetrar o tipo de negócios que deveria combater. Mas sua vida dupla está em jogo quando ele se depara com uma misteriosa vítima de assassinato…”

2014 – “Enquanto manifestantes racistas tocam o terror em nome de seu patriotismo preconceituoso, a investigadora Shahara Hasan lidera o combate a eles. Policial e muçulmana, ela é inglesa até o osso. Mas o corpo que descobriu pode revelar algo podre sob a superfície…”

2050 – “Enquanto o pulso embaralhador mental inferniza os sobreviventes do terrível tecnoapocalipse, a jovem amnésica conhecida apenas como Maplewood mal compreende o significado do corpo que acabou de encontrar. Mas esse assassinato ritual é idêntico a outros de décadas passadas e o elo entre eles é mais forte e mais estranho do que qualquer um poderia imaginar…”

Essa sinopse da contracapa me atraiu bastante, quando tive a HQ em mãos pela primeira vez, tanto que foi decisiva para que eu a comprasse. Foi tipo, “é disso que eu tô precisando”. A leitura foi ótima, tirando a parte de 2050, que, na minha opinião, foi o que me fazia “arrastar” com a leitura, que ficava maçante, já que eu sabia que deveria me concentrar em todas as épocas, principalmente no futuro, por mais complexo que fosse.
Pretendo reler Corpos com mais “calma”, digamos assim, tentando fazer diferente, lendo uma época por vez. Talvez assim, eu consiga compreender a mensagem (que, a meu ver, era somente uma previsão do futuro), porque senti uma enrolação no final, que me deixou com àquele sentimento de filme que termina do nada e te deixar cheio de perguntas ou suposições (e eu detesto filme assim, sério).
Corpos é aquele quadrinho que precisa ter na sua estante, tipo necessário? Na minha humilde opinião, NÃO, não vejo esse “oh, minha noooooossaaaaa” todo. Fui procurar saber se o problema era comigo, que eu poderia não ter lido direito (agora vou ler “errado” pra ver se entendo melhor rs), e encontrei muitos comentários positivos e poucos negativos. Mas, sendo sincerona, só recomendo se você só quer ler algo diferente e cada um tem o seu gosto e, infelizmente, apesar da proposta sensacional, o desfecho não foi dos agradáveis pra mim. Arrependimento? Acho que não. O que fica é o aprendizado.