Lemos: Blacksad

É estranho, mas a única coisa que eu poderia dizer sobre Blacksad seria “sem palavras”. Mas eu necessito encontrá-las, afinal, esse quadrinho, essa obra de arte, precisa ser lida por todos (maiores de idade, é claro rs). Eu acabei de ler agorinha, porque não queria fazer primeiras impressões dele, já que as palavras seriam insuficientes pra expressar a minha fascinação por John Blacksad. Bem, vou tentar não me rasgar tanto (ou apenas) de elogios nesse texto, ainda mais agora, que peguei o ritmo da escrita e, olha o que temos aqui… Saiu o primeiro parágrafo!!! Contarei a você o que achei dessa HQ, se bem que eu já comecei.

Antes disso, vamos ler a sinopse. Até porque, você já deve estar estranhando o fato de eu estar tão maravilhada com um quadrinho, cuja foto é de um gato preto, de sobretudo, fumando rs.:

O detetive particular John Blacksad coloca suas nove vidas em perigo ao entrar de cabeça em investigações que envolvem o lado negro da humanidade. Escrito por Juan Díaz e desenhado por Juanjo Guarnido, esta HQ é uma obra de arte em estilo filme noir ambientada na década de 1950 nos Estados Unidos. Todos os personagens são animais antropomórficos cujas espécies refletem a sua personalidade, o tipo de personagem e seu papel na história. Esteriótipos animais são usados: por exemplo, quase todos os policiais são canídeos, tais como Pastores alemães e raposas, enquanto personagens do submundo são, muitas vezes, répteis ou anfíbios. As personagens femininas muitas vezes possuem muito mais aparência humana do que os seus homólogos masculinos.

As histórias contidas em Blacksad são excelentes! O roteiro de Juan Díaz Canales é de uma perfeição gigantesca, que prende o leitor, não apenas com recursos de mistério investigativo, mas também por sua crítica social e com temas que, infelizmente, são atuais, mesmo que a HQ seja ambientada nos EUA dos anos 50. A edição que li, vem com as cinco histórias, tendo algumas historinhas curtas, antes de outra grande história, que finaliza o encadernado. As cinco histórias são: “Em Algum Lugar Entre as Sombras”, “Nação Ártica”, “Alma Vermelha”, “O Inferno, o Silêncio” e “Amarillo”.

Os personagens são inseridos em posições sociais, de acordo com suas características esteriotipadas, algo que achei extremamente criativo. Mas, quanto ao protagonista, Canales foi além. John Blacksad é um gato preto e, nós sabemos todo preconceito quanto às superstições que giram em torno dos gatos pretos tadinhos… Então, em “Nação Ártica”, por exemplo, o tema preconceito racial é abordado e o próprio John é vítima de preconceito por conta da cor dos pelos. Há as questões de não frequentar os mesmos lugares, ser acusado de crimes, simplesmente pela cor, inclusive, propostas eugenistas e de higienização, com referências nazistas e ao KKK (Ku Klux Klan).

Blacksad tem grandes mensagens, o que faz dela uma HQ completamente imersiva. Ela mexeu muito comigo, em vários aspectos, transmitindo muitos momentos reflexivos, até mesmo quando havia um alívio cômico rolando. Juro pra você que sonhei algumas vezes com esse universo antropomórfico o que foi beeem estranho, de tão mexida que fiquei com as histórias.

O que me atraiu a ler Blacksad foi, justamente, a imagem do John Blacksad, que vi numa rede social, aleatoriamente. Tempos depois, conversando com um parça, sobre quadrinhos bons e necessários a apreciadores da nona arte, ele me falou sobre Blacksad. Automaticamente, eu liguei a história à imagem do gato preto que eu tinha visto por aí, cuja arte era uma das coisas mais lindas que já tinha visto! Virei fã do Guarnido por sua arte riquíssima! As cores, a disposição dos quadros e como os desenhos, propositalmente, te deixam na dúvida se é um recorte para outro quadro ou não… Gente… Que traço DI-VI-NO! Tudo se torna importante no desenho, cada detalhe, até os personagens que aparecem ao fundo, numa cena mais ampla, ele têm a sua importância na composição do ambiente e para a história. Simplesmente magnífico!

Sem dúvida alguma, Blacksad já entrou na minha lista de quadrinhos que merecem ser lidos novamente, um produto essencial para se ter na estante. É uma leitura muito prazerosa: histórias sensacionais, uma arte incrível e um personagens que são marcantes. Estou, completamente, apaixonada por John Blacksad e Semanal! Será que posso sonhar com uma animação com John Blacksad?! Bem, pelo menos, eu tô sabendo que John Blacksad será a estrela de um jogo pra PS4, chamado Blacksad: Under The Skin. Espero que isso deixe o meu querido gato preto em evidência, para que possamos tê-lo noutras mídias dessa obra de arte. Se eu pudesse, eu dava nota mil!

Ah! E valeu, Aramis (o parça das dicas quadrinescas), que me indicou essa maravilha!