Depois de falar um pouco sobre Apagão – Cidade sem Lei/Luz e Apagão Extra – Ligação Direta, ambos da Editora Draco. Hoje trago as minhas impressões de mais uma produção desse universo incrível, criado por Raphael Fernandes. O quadrinho da vez é Apagão: Fruto Proibido, cuja proposta é contar a história de outra gangue: a das patinadoras. Bora comigo?
Mas antes das tretas no blecaute, sinopse:
Descubra os conflitos vividos por uma gangue de patinadoras em meio a um blecaute que tem castigado São Paulo há três meses. Sem perspectiva de retorno à normalidade, o centrão da cidade tornou-se um campo de guerra onde as pessoas lutam para sobreviver e a violência é a moeda para se adquirir recursos limitados.
Pra quem já está familiarizado com o universo, as primeira páginas podem não trazer novidades. Afinal, estas servem para apresentar a problemática daquela São Paulo. Contudo, o grande trunfo aqui é que temos um novo olhar sobre a situação. Sabe aquela história de que cada pessoa enxerga a realidade de uma maneira? Pois bem, quando se trata de minorias, isso é mais do que evidente. No caso da HQ, acredito que o roteiro de Fernandes é bem feliz na forma como retrata as angústias e posicionamentos daquele grupo de mulheres.
E o mais interessante é que esse foco no feminino, nas mais distintas formas de existir, soa completamente natural. Tudo é coeso com a proposta do roteiro. Não é simplesmente a representatividade que diz “olha que legal, vocês estão aqui”, mas é aquela que dá protagonismo e profundidade. É um frescor ver personagens tão potentes sem aquela forçação de barra que é costumeira em algumas produções.
Mudando de assunto, outro grande ponto é novo aspecto visual do universo. Isso graças a entrada de Abel, nas ilustrações; e Fabi Marques, nas cores. Os traços do quadrinho são impecáveis e com uma colorização marcante. Fiquei admirado com a fluidez nos movimentos, os cenários, as personagens e a paleta escolhida por Fabi. É lindo demais!
Apagão: Fruto Proibido mantém a identidade e a qualidade de suas antecessoras, mas dá um passo além. Particularmente, é o volume que mais gostei até agora. Se eu fosse apontar algum defeito, diria que a leitura acaba rápido. Não por uma questão de pobreza narrativa, mas sim pela voracidade que tomou conta do meu eu leitor. Recomendo demais e desejo muito outro quadrinho nesse universo. E que venha logo!
Aka Joe. Professor de linguagens místicas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, profissional de estudos psíquicos na Escola Xavier para Jovens Superdotados, amador na arte de grafar e consorte da Bel. Entusiasta dos bardos, contadores de histórias, sábios, estrategistas, aventureiros, tabernistas e bobos da corte.