Recebi na última segunda-feira as recompensas do financiamento coletivo de Apagão – Ruas de Fúria, da Editora Draco. Na época, junto com o card game, peguei todos os quadrinhos, porque o universo me pareceu muito interessante. Agora com tudo em mãos, pretendo trazer uma resenha toda semana, começando por Apagão – Cidade sem Lei/Luz. Bora falar sobre esse caos paulistano sem energia elétrica?
Mas antes do apagar das luzes, sinopse:
Caos e violência são a rotina em uma São Paulo devastada por um blecaute que parece não ter fim. As ruas da cidade viraram um verdadeiro campo de batalha onde gangues de arruaceiros se enfrentam por território e recursos. Nesse mundo a única forma de comunicação é a força bruta!
No meio desse inferno, um grupo de jovens tenta melhorar as coisas e transformar a destruição em uma chance de reconstruir a sociedade. Eles são os Macacos Urbanos, liderados pelo mestre de capoeira Apoema. Sem eles, esta verdadeira selva de pedra será o túmulo para pessoas como o blogueiro Dori e sua irmã Bia. Para piorar, os irmãos se metem com uma seita fanática cujos seguidores estão consumidos pelo ódio e o medo. Mas seria o encontro dessas pessoas mera coincidência? Ou estaria o destino unindo aqueles que podem trazer a esperança para vencer essa crise sem precedentes?
Acho que o primeiro ponto a ser destacado não é nem esse quadrinho em si, mas sim o projeto em que ele está inserido. O universo de Apagão envolve histórias em RPG, quadrinhos, música, áudio-jogo, card game, entre outros. Tal pluralidade midiática foi o fator que me instigou a conhecer a trama. Hoje, depois de consumir os materiais, afirmo que atendeu todas as expectativas. O projeto é realmente fantástico.
Outro aspecto é que ver um território brasileiro em um cenário distópico é super interessante. Apesar de eu não conhecer São Paulo tão bem assim, pude identificar inúmeros pontos da cidade. Camaleão mandou bem demais ao desenhar os ambientes, que mesmo com marcas de destruição, são facilmente reconhecíveis.
Falando na arte, cabe destacar que não são só os ambientes que brilham no quadrinho. A caracterização das gangues é muito, mais muito legal. A cada “tribo” que surgia, eu ficava imaginando como aquele visual funcionaria bem em um RPG. Fora isso, o dinamismo nos traços do artista dão um show à parte nas cenas de ação. Os momentos que envolvem os movimentos de capoeira me encantaram demais! Tudo muito fluido e representando bem a violência daquela realidade.
Por fim, quanto ao roteiro, este funciona muito bem dentro da proposta. Em alguns momentos sentia uma acelerada para dar conta dos acontecimentos, em outros corria com o tempo necessário. A trama apresenta bem o ambiente, a problemática, os personagens e, no meio disso tudo, ainda traz reflexões importantes sobre questões do nosso Brasil contemporâneo. Pra variar, Raphael Fernandes é certeiro mais uma vez.
Ler Apagão – Cidade sem Lei/Luz nos dias de hoje soa de forma curiosa. Afinal, não é difícil encontrar pessoas a mesma mentalidade do que certos personagens da obra. Fora isso, não estamos tão longe de um apagão assim, não é mesmo? Espero que o nosso não dure três meses, hahaha. Enfim, recomendo demais o quadrinho e na próxima semana volto aqui para falar mais um pouco desse universo f#@%$!
Aka Joe. Professor de linguagens místicas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, profissional de estudos psíquicos na Escola Xavier para Jovens Superdotados, amador na arte de grafar e consorte da Bel. Entusiasta dos bardos, contadores de histórias, sábios, estrategistas, aventureiros, tabernistas e bobos da corte.