Se tem uma coisa que eu gosto muito, são essas releituras de heróis em outra época da história. Já parou para pensar como seria se um dos maiores detetives dos quadrinhos tivesse que desvendar um dos maiores crimes em série do século dezenove? Essa é a proposta de Batman: Gotham by Gaslight e hoje eu vou comparar as duas obras.
Antes, o de praxe! Bora lá pra sinopse? “Gotham, na virada do século, está passando por uma época de descoberta e indústria, mas nos becos mais sombrios há um assassino à solta. Trabalhando juntos, Batman e o comandante da Polícia James Gordon tentam capturar o temível Jack, o estripador“.
Comecemos pelo quadrinho: Logo no início da história é contato novamente a causa que levou o nascimento do Batman. Só que dessa vez Bruce Wayne está em Viena contando esse fato para ninguém mais, ninguém menos que Sigmund Freud (o estudante de psicologia que vos escreve pira!). Apesar desse diálogo não ser lá grandes coisas, o foco dado a formação de “detetive” de Bruce, já ilustra que o tom da história vai ser mais focado na investigação. Mesmo não sendo espetacular, esse enredo investigativo se sustenta bem. Mas na minha opinião, o grande destaque da obra é a arte! As manchetes somadas às cenas, a escuridão macabra das noites de Gotham, etc. Outro ponto a se destacar são as referências a outros vilões do universo do homem morcego: nesse quadrinho é explicado como o Coringa surgiu e ainda podemos ver o promotor Harvey Dent em ação.
Quanto a animação, temos outra pegada! Não se conta o “bat-nascimento” e já começa na ação. O estripador já está cometendo suas atrocidades em Gotham e isso vai render boas batalhas entre ele e o Batman. Entretanto, o caminhar da trama não se sustenta nem na ação e nem na investigação, mas tenta em um romance insosso entre Bruce e Selina (que também é cheio de furos). Mesmo assim, a animação prende a atenção devido à sua produção técnica: sua arte com pegada steampunk é impecável ao mostrar como Gotham é assustadora em suas vielas apertadas, os movimentos durante as batalhas são sensacionais, a dublagem é perfeita… Em resumo, é o padrão de qualidade das animações da DC. Só pra fechar, nessa obra também há referências a outros bad guys do “bat-verso”, mas são tão mal colocadas, que a impressão que me passou é que foram apenas fan services.
Colocando as obras lado a lado, faço algumas observações: A animação é completamente destoante da obra original, só a essência está ali. Entretanto, o seu final é muito superior (mesmo não me agradando), porque no quadrinho foi tudo muito óbvio, na minha opinião. Porém o roteiro do quadrinho é bem mais amarrado do que o da animação e não deixa a quantidade de pontas soltas que animação deixa em seu desfecho. Outro ponto bem diferente é a forma como a violência dos crimes é aplicada nas obras, na animação é bem explícita (não é para crianças, viu?), mas isso certamente se deve ao distanciamento temporal das produções (o quadrinho é de 1989 e a animação é de 2018).
Em resumo, acho que o ideal é você consumir ambas as produções e na sua imaginação juntar os aspectos que uma complementaria os “furos” da outra. Leia primeiro, assista depois e aproveite ambas! Não considero obras primas do estúdio, mas são boas de se consumir. E que continue saindo cada vez mais adaptações!
Aka Joe. Professor de linguagens místicas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, profissional de estudos psíquicos na Escola Xavier para Jovens Superdotados, amador na arte de grafar e consorte da Bel. Entusiasta dos bardos, contadores de histórias, sábios, estrategistas, aventureiros, tabernistas e bobos da corte.