Assistimos: Toc Toc

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4
On 30 de agosto de 2019
Last modified:1 de setembro de 2019

Summary:

Encontrar um filme de comédia hoje em dia, na minha humilde opinião, é muito difícil. Não sei se, antigamente, pelo fato de ser criança, tudo era engraçado ou se a excelência em fazer rir veio caindo o nível com o tempo. E falo isso, independentemente da nacionalidade dos filmes. De repente, você, meu caro leitor, goste dos filmes de comédia nacionais, os quais têm feito grande sucesso nessa década, levando milhões de espectadores às salas de cinema. Infelizmente, eu não curto muito não, apesar de achar muito bacana essa valorização do cinema nacional, pelo menos no gênero comédia.

Mas, às vezes, bate uma vontade de assistir coisas diferentes sem ser drama, ação… E aí, a gente resolve procurar uma comédia, tenta enxergar um potencial criativo na sinopse e “reza” pra ser bom. Dessa vez, nós acertamos! E a criatividade já começa pelo nome: Toc Toc. Sim, é criativo, pois toda a trama se passa num consultório, onde os pacientes co Transtorno Obsessivo Compulsivo, cuja sigla é TOC. Agora, o restante, eu te conto, mas sem spoilers!

Antes disso, vamos dar uma olhadinha na sinopsezinha da Netflix:

Quando um médico se atrasa para embarcar em um vôo no aeroporto, um grupo de pacientes com transtorno obsessivo compulsivo (TOC) precisa suportar as peculiaridades excêntricas um do outro, enquanto espera a chegada do doutor.

Toc Toc é um filme espanhol, lançado pela Netflix em 2017. Com um tema complexo e perigoso (ao meu ver) para ser trabalho numa comédia, roteiro de Vicente Villanueva não nos apresenta algo ofensivo, ou seja, mesmo tratando-se de uma comédia, não há ridicularização do tema e/ou das pessoas que sofrem com tais transtornos. Sem furos ou algo que possa fazer o telespectador dispersar, me provocou umas risadas, poucas gargalhadas, mas cheguei a me espantar ao perceber que o filme ainda conseguiu essa proeza.

Os personagens principais do filme são cinco pacientes que apresentam transtornos obsessivos compulsivos que aguardam a chegada do famoso médico, cuja “fama” era que atendia seus pacientes um única vez e, tecnicamente, isso explica a ansiedade dos pacientes para que seu médico consiga pegar o vôo e chegar à consulta. Como cada personagem tem transtornos distintos, a forma como os mesmos são apresentados tem propósitos na trama. Portanto, para não estragar sua experiência com Toc Toc, não entrarei em maiores detalhes. Mas ambos são essenciais para o desenvolvimento do enredo.

Não vi grandes feitos quanto à fotografia deste filme. Acredito que isso se deu pelo fato da ambientação ser a mesma na maior parte do filme, no consultório. O que me chamou atenção, foi apenas o foco nas expressões dos personagens, sempre que o episódio do transtorno acontecia. Talvez a intenção do autor, na minha humilde opinião, era desafiar o telespectador a analisar se havia graça de fato, se havia prazer nós rostos dos personagens, possivelmente, para refletir. Particularmente, acredito que ele tenha nos dado outras oportunidades de risos dentro da trama, como o envolvimento entre os personagens, ao invés de rir dos transtornos em si.

Toc Toc atingiu as minhas expectativas, quanto a um filme de comédia que trata de um tema complexo, uma doença, mas que soube dosar para que a abordagem não beirasse ao ridículo e ao ofensivo. E isso é algo muito, mas muito difícil hoje em dia e vocês  que acompanham as redes sociais, sabem de que quem estou falando. Mas fica a dica para você conferir como se faz comédia de verdade.