Inúmeros filmes de artes marciais marcaram a minha infância. Naquela época, qualquer longa com Jackie Chan chamava a minha atenção, porque a combinação era perfeita: ação e comédia. Havia a possibilidade de ficar apreensivo com os combates e depois rir da forma como Chan interagia naquelas situações. Foi com esse referencial que assisti Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis. Não que eu esperasse uma emulação, mas fui com certa curiosidade de como o “gênero” artes marciais dialogaria com a fórmula Marvel. Bora falar sobre?
Mas antes da pancadaria, sinopse:
Shang-Chi é um jovem chinês criado por seu pai em reclusão, sendo treinado em artes marciais. Quando ele tem a chance de entrar em contato com o resto do mundo, logo percebe que seu pai não é o humanitário que dizia ser, vendo-se obrigado a se rebelar
Confesso que mesmo curioso, não estava tão empolgado com o filme. Porém, os minutos iniciais me deixaram completamente preso à tela! Diferente de outros filmes do estúdio, fui presenteado com cenas de luta surpreendentes de tão bem coreografadas. Nada daqueles cortes abruptos que cortam a sequência de trocação de soco. De modo geral, a ação é fluída e equilibra bem o movimento dos atores e os efeitos. Sensacional mesmo!
Contudo, se o começo é quente com os combates, depois vai amornando quando dá espaço ao drama familiar. Não que este seja mal construído, mas achei uma quebra de ritmo brusca. Entretanto, é aqui que os personagens ganham a profundidade necessária para a narrativa. Inclusive, o antagonista brilha nesse arco. Que personagem cheio de camadas interessantes!
Felizmente, arco final recupera o ritmo que inicialmente me cativou. Porém, dá um passo além, porque inúmeros elementos mitológicos entram em cena. É fantástico ver a presença e a interação de dragões, raposas de nove caudas, leões guardiões, etc… Se antes os combates eram dinâmicos, eles passam a ter um nível épico para fechar a história.
Além disso, talvez o maior trunfo do longa é a sua independência dos demais títulos do estúdio. Por ser um novo rosto na casa, senti que ousaram criar uma história mais focada em si. Obviamente há menções e relação com figuras e situações já conhecidas, mas foi uma introdução mais centrada nesse novo universo. Isso dá espaço para especular sobre o futuro do MCU? SIM! E já que estamos nesse assunto, fique de olho nas duas cenas pós-créditos.
Depois de Vingadores: Ultimato, achava difícil vir algo potente, personagens cativantes e, até mesmo, vontade de acompanhar as produções da Marvel por mais 10 anos. Ainda é muito cedo para afirmar que Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis me deu abertura para pensar isso tudo, mas como eu não esperava muita coisa, fui surpreendido positivamente. Então, que venham os próximos filmes.
Aka Joe. Professor de linguagens místicas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, profissional de estudos psíquicos na Escola Xavier para Jovens Superdotados, amador na arte de grafar e consorte da Bel. Entusiasta dos bardos, contadores de histórias, sábios, estrategistas, aventureiros, tabernistas e bobos da corte.