Matrix foi, sem sombra de dúvidas, um dos maiores fenômenos cinematográficos da minha geração. Os efeitos, o estilo da narrativa, as referências… Em suma, muito do que foi inserido na trilogia marcou e revolucionou o cinema. Mesmo com o terceiro filme sendo uma espécie de “água fria” para mim, confesso que fiquei bastante empolgado quando anunciaram a sequência. Enfim, demorei, mas assisti e cá estou para falar sobre.
Mas antes de se conectar, sinopse:
Em um mundo de duas realidades – a vida cotidiana e o que está por trás dela – Thomas Anderson terá que escolher seguir o coelho branco mais uma vez. A escolha, embora seja uma ilusão, ainda é a única maneira de entrar ou sair da Matrix, que é mais forte, mais segura e mais perigosa do que nunca.
O primeiro ponto a destacar é que, nos meus olhos, Matrix Resurrections parece ser um filme a parte dos antecessores. Digo isso, porque, apesar do universo ser o mesmo, o tom do longa é completamente diferente dos demais. A impressão que tive é que houve uma tentativa de “brincar” com os elementos da franquia e quebrar as expectativas dos espectadores.
Uma dessas “brincadeiras” é o tom de comédia no começo do filme. Neste, encontramos Neo imerso novamente na Matrix, onde os acontecimentos anteriores são meramente um roteiro de jogo. Com base nesse contexto, há piadas com o impacto cultural da franquia, críticas aos grandes estúdios, etc… Quanto a essa característica, seria divertida, se não fosse tão arrastada.
Entretanto, há momentos em que a identidade da franquia se faz presente. Porém, com o “pé no freio”… Um exemplo é que em determinadas cenas de ação, há interrupções com grandes monólogos. Sabe a quebra de expectativa que eu comentei antes? Então ela permeia até nas situações, digamos, mais clássicas.
Mas isso significa que o filme é ruim? Olha, diria que é razoável. Se tirarmos essas “quebradas” que o longa traz e a tentativa apressada de amarrar antigas pontas soltas, dá pra se curtir algo. Há boas cenas de combate, efeitos de encher os olhos, trilha sonora potente… Enfim, a qualidade técnica da franquia se faz presente do início ao fim.
Ao meu ver, Matrix Resurrections parece brincar com a própria mitologia para se afastar de algumas influências que gerou. Essa nova identidade do filme incomoda, mas não considero que torne o longa insuportável e até compreendo algumas escolhas. No fim, acho que foi muita inocência dos saudosistas esperar algo grandioso depois de quase vinte anos. Parece que temos muito o que aprender quanto às nossas expectativas.
Aka Joe. Professor de linguagens místicas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, profissional de estudos psíquicos na Escola Xavier para Jovens Superdotados, amador na arte de grafar e consorte da Bel. Entusiasta dos bardos, contadores de histórias, sábios, estrategistas, aventureiros, tabernistas e bobos da corte.