Assistimos: Felicidade Por Um Fio

Mudanças são sempre difíceis, independente do contexto e dos motivos. Isso torna-se mais forte para nós, mulheres, na minha opinião, no que diz respeito à aparência, por exemplo. Em sua maioria, muito mais vaidosas do que os homens, as mulheres estão em busca de algo inovador, que atenda às expectativas de “melhorias” na aparência.

Coloco a palavra entre aspas, porque eu acredito que cada uma tem a sua exuberante beleza, mas que, por insatisfações numa autoavaliação, ou avaliações de outras pessoas, ou ainda, para seguir padrões impostos pela indústria e pela sociedade e “sentir-se inserida” num grupo, a mulher pode perder a subjetividade, a verdadeira identidade, a saúde, por vezes, a felicidade e, quando inconsequente, perde até a vida.

Veja bem, não estou impondo nada. Só quero levá-lo(a) à refletir a respeito de algo muito válido, mas que em excesso, destoa-se por completo do que é estar bem consigo mesmo. E o filme do qual falarei um pouco (já falei demais, inclusive) hoje, Felicidade Por Um Fio, remete ao bem estar próprio, com uma parte do corpo que, dizem estar morta, mas que, com um (ou vários) produto, pode-se dar vida e deixar bem evidente a subjetividade do indivíduo: o cabelo.

Vamos de sinopse:

Violet Jones (Sanaa Lathan) é uma publicitária bem-sucedida que considera sua vida perfeita, tendo um ótimo namorado e uma rotina organizada meticulosamente para conseguir estar sempre impecável. Após uma enorme desilusão, ela resolve repaginar o visual e o caminho de aceitação de seu cabelo está intrinsecamente ligado à sua reformulação como mulher, superando traumas que vêm desde a infância e pela primeira vez se colocando acima da opinião alheia.

Quando eu assisti o trailer de Felicidade Por Um Fio logo senti que seria um sucesso, ainda mais neste momento, em que há tantas mulheres de cabelo crespo ou cacheado, passando pelo processo de transição capitar. Para isso, elas fazem uso do big shop, procedimento em que o cabelo e cortado até onde não há química.

Assumir as verdadeiras raízes é um drama enfrentado por Violet, desde a infância, pois sua mãe sempre alisou seu cabelo com pente quente, para que a filha fosse “melhor aceita” pela sociedade e, mais tarde, pelos homens, que preferiam mulheres de cabelos lisos e longos. Infelizmente, o big shop dela foi um pouco trágico e num momento impensado (ou não) devido a perdas.

Os atores de Felicidade Por Um Fio são (todos ótimos), em grande parte, negros, mostrando também que, mesmo bem sucedidos financeiramente, ele têm que estar o tempo todo se afirmando quanto ao potencial e se esforçando para se manterem inseridos e aceitos por todos. Apesar disso, no filme, Violet tem, dentre suas melhores amigas, uma negra, que tem o cabelo natural, de cachos assumidos, e uma branca, que, assim como ela, faz uso de chapinha/ escova para manter os cabelos lisos, mas que, na verdade, tem o cabelo cacheado.

Se você ainda está em dúvida ao assumir seu cabelo natural, seu crespo ou deu cacheado, Felicidade Por Um Fio é um filme que pode te ajudar bastante a decidir. Ao meu ver, não senti que houve uma imposição do mesmo em passar a mensagem de que o certo é assumir o cabelo natural, mas sim de que o certo é a mulher ser livre para escolher como se sente bem, mais bonita e ser feliz.