Assistimos: Coringa

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3
On 9 de outubro de 2019
Last modified:9 de outubro de 2019

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Se tem um palhaço que eu tolero e consumo obras a respeito, no caso, quadrinhos e filmes, esse é o Coringa. Sim, eu tenho uma certa aversão à tal figura, mas não sei se posso dizer que tenho coulrofobia, que é o nome dado a um transtorno de ansiedade em que a pessoa, quando está frente a frente a uma figura representativa do palhaço, tem falta de ar, náuseas, arritmia cardíaca, ataques de pânico, suores… Digamos que este último sintoma eu sinto, ao avistá-lo ao longe e que prefiro atravessar a rua quando for possível fazê-lo.

Mas, voltando a falar do palhaço que não tenho medo, Coringa ganhou um filme solo. Sem Batman, sem Robin, sem Arlequina, sem Gordon… Isso porque é um filme de origem do personagem. E é sobre esse polêmico filme que falarei agora. Só vem comigo!

Mas segura aí, um minutinho, e dê uma atenção à sinopse do filme:

Coringa, do diretor Todd Phillips, centra-se no icônico arqui-inimigo do Batman, e é uma história fictícia original e inédita, nunca vista nas telas. Phillips explora Arthur Fleck, retratado por Joaquin Phoenix, um homem lutando para encontrar o seu caminho na fraturada sociedade de Gotham. Trabalhando como palhaço de dia, ele sonha ser um comediante famoso nas noites… mas a piada sempre está nele. Preso entre uma existência cíclica entre apatia e crueldade, Arthur toma uma decisão ruim que provoca uma reação em cadeia de eventos neste ousado estudo de personagem.

Coringa, do Todd Phillips, é um filme centrado no personagem, é um estudo do mesmo. Dito isso, é necessário esquecer as comparações com as demais representações do Coringa, seja na telinha ou na telona. Além de ser um filme originário, deve-se levar em conta também a visão criativa do diretor e a interpretação do ator. Portanto, não adianta tentarmos discutir quem foi o melhor Coringa e inserir a interpretação de Joaquin Phoenix nesse balaio, que não tem como.

Isso porque, na minha humilde opinião, esse filme é sobre a vida de Arthur Fleck e não sobre a vida do C}que nós vimos em outras adaptações. Acho que posso, inclusive, ir mais fundo nessa minha opinião e dizer que este filme poderia muito bem ser um filme sobre qualquer outro personagem, mesmo que não fosse, exatamente, o Coringa… Peguei pesado?! Talvez.

Isso não quer dizer que eu não tenho gostado do filme, mas, infelizmente, ele não atingiu à minha expectativa e toda essa coisa impactante que imprensa e crítica disseram, eu não vi.

Este é um filme que, desde as primeiras exibições para críticos, tem gerado discussões a respeito de ser um filme perigoso, por poder influenciar más atitudes. Confesso que, antes de assistir o filme, eu cheguei a compactuar com tais afirmações de que a obra poderia vir a justificar atitudes de certos grupos criminosos. Mas, após ver o filme, percebi que tudo esse “fuzuê” tá mais pra jogada de marketing. Até porque, TODA manifestação cultural nos influencia de alguma forma, seja positiva ou negativamente. Um exemplo disso, que eu sou prova e com certeza você também já passou por algo do tipo, é quando inserimos a trilha sonora de um filme preferido em algum contexto de nossas vidas. Ou seja, nós sempre somos influenciados por obras.

O que ocorreu, de fato, em Coringa é que não senti aquele momento em que é demonstrado que determinado ato é errado. Mas você deve estar pensando que a gente sabe o que é certo ou errado, né?! Você, eu e o Joe até podemos saber, mas e aquelas pessoas que sentem que estão sozinhas, sem um(a) companheiro (a), porque são vítimas da sociedade? Será que elas teriam esse discernimento, uma vez que o filme nos entrega isso? Fica aqui o meu questionamento, até porque Coringa é um personagem que não deve ser idolatrado, de forma alguma.

Uma outra coisa que me incomodou e, de certa forma, mornou a minha euforia com o filme, foram alguns recursos usados, que “me arrancaram” um “Ah, não, por favor! Qual é a necessidade disso? Espero que consertem… Que tirem isso!”. Sim, eu não gostei daquelas suposições feitas no filme. Não posso falar mais, porque não quero dar spoiler, mas quem já assistiu, sabe… E se você gostou daquilo… Tá, né… 🤷🏾‍♀️

A fotografia de Coringa é um agregador à obra ao sempre fazer referências ao personagem, que já conhecemos, antes mesmo dele se reconhecer como tal. Os recursos de tons escuros, ambientação sombria, remetem ao momento pelo qual o personagem passa durante o filme. Já as cores esverdeadas em evidência, seja em roupas ou luzes das ruas, dão todo um aviso de que o palhaço conhecido por nós está surgindo e, ao longo do tempo, a ambientação vai ganhando tons amarelados, mais vivos (por incrível que pareça), na medida em que Arthur Fleck vai se descobrindo.

Como disse, Coringa é um filme que poderia ser, perfeitamente, intitulado de outra forma. Ele não deixa de ser impactante e a atuação de Joaquin Phoenix inesquecível, mas não vi toda essa “majestosidade”. É um filme único, como uma graphic novel. O filme finalizou muito bem e, assim espero que ele permaneça: sem sequências, por favor!