O nome Chucky traz uma série de lembranças para mim. A princípio, era o terror da minha infância, mas depois foi se tornando uma comédia um tanto bizarra. Acredito que isso se deve ao fato de que o Brinquedo Assassino clássico era realmente terror, porém suas sequências foram abraçando cada vez mais a caricatura de sua premissa. Quando soube do reboot, assumi de antemão que seria uma bomba e tardei em assistir. Mas nada como um domingo tedioso para nos dar certas coragens, certo? Então, hora de falar sobre.
Antes da brincadeira de criança, sinopse:
Karen presenteia seu filho pequeno, Andy, com um boneco muito especial. Os dois precisam lutar por suas vidas, porém, quando crimes estranhos começam a acontecer pela vizinhança, revelando a natureza sombria do brinquedo.
Como disse ainda agora, é um reboot. Desses que mudam toda a origem da personagem. Isso é um problema? Sim e não. Tirar a origem mística de Chucky e colocar uma tecnológica, limitou muito o personagem como ameaça, mas o deixou contemporâneo. Contudo, sem se levar a sério para ser (muito) Black Mirror (meo). Dá pra identificar uma alfinetada ou outra na relação humana com a tecnologia e o entretenimento, mas longe de ser a principal questão.
“Então temos um terror sci-fi, Joe?“. Sim, mas não só, porque o longa se perde em gêneros. Além do sci-fi, os tons variam em aventura adolescente, humor e slasher. Infelizmente o filme dispõe de uma duração muito curta para dar conta disso tudo e achei que resultado foi muito longo em alguns atos e corrido demais em outros. Faltou equilíbrio.
No que se refere aos arcos longos, o maior beneficiado é Chucky, porque a evolução de sua personalidade é bem trabalhada. De forma gradativa, vemos o confuso boneco se tornar o tal brinquedo assassino. Há momentos em que isso se perde? Sim, mas é no mínimo interessante ver essa releitura. Contudo, as outras personagens não dispõem da mesma atenção. Uma pena, pois o elenco é ótimo.
Voltando aos distintos gêneros do longa, o maior destaque fica para parte o slasher. O filme entrega cenas de morte criativas e impactantes, onde algumas são seguidas por momentos cômicos. Acho que esse movimento de fazer o espectador rir, o coloca em uma das questões do longa, mas paro de falar sobre isso por aqui, porque já dei detalhes demais.
Contudo, o humor não vem apenas junto com o gore, pois o sarcasmo da franquia ainda se faz presente. Mais fraco do que o material de origem? Sem dívidas, mas ainda está ali. Credito isso ao fato do Chuck não ser mais um humano preso em um boneco. Ele ainda não “viveu” o bastante para se tornar um “c**ão“.
Repaginando a origem de Chucky, Brinquedo Assassino entrega um filme independente de nostalgias e descompromissado como todo terror slasher deve ser. Apesar de não ser um filme ruim, comete alguns pecados em seu curto tempo de duração. Só queria muito mais do arco final. Ah! E antes que você aí me cobre: não, eu também não gostei do visual do boneco.
Aka Joe. Professor de linguagens místicas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, profissional de estudos psíquicos na Escola Xavier para Jovens Superdotados, amador na arte de grafar e consorte da Bel. Entusiasta dos bardos, contadores de histórias, sábios, estrategistas, aventureiros, tabernistas e bobos da corte.