Assistimos: Black Mirror – Bandersnatch

Black Mirror está de volta, mas não em uma nova temporada e sim em algo denominado como “evento”. O filme interativo Bandersnatch foi lançado sem alardes na última sexta-feira, deixando a sua divulgação praticamente por conta dos espectadores na redes sociais (isso é muito Black Mirror, meo!). Mas e aí, é bom? Você tem dez segundos para decidir se vai ler essa resenha ou não. Valendo!

Resolveu ficar? Então vamos ver a sinopse preguiçosa da Netflix: “Em 1984, um jovem programador começa a adaptar um romance fantástico para videogame e põe em questão a própria realidade. Uma história alucinante com múltiplos finais“.

O grande ponto do longa é a interatividade! Funciona assim: em determinados momentos nos são dados 10 segundos para escolher entre duas opções, caso contrário, um caminho aleatório é escolhido. De início o filme começa nos colocando em situações simples, como decidir qual cereal o protagonista deve comer (foi mal pelo super spoiler, gente), essas e outras situações iniciais passam a sensação de que o filme vai ser um “menino, faz isso / agora faz isso“. Porém, a experiência vai por caminhos que “é muito Black Mirror, meo”, quando o enredo nos leva a metalinguagem (mais à frente falarei sobre).

Entretanto, o enredo acaba sendo fraco comparado a tudo que Black Mirror já nos ofereceu outrora. O protagonista Stefan Butler (Fionn Whitehead) enfrenta questões como livre arbítrio e questionamento da sua realidade, mas a trama não dá conta de aprofundar esses temas, assim como não faz o mesmo com seus coadjuvantes, o que é uma pena, porque gostei bastante do personagem Colin Ritman (Will Poulter). No fim, eu gostei da história e achei tudo muito interessante, mas enquanto escrevo essa resenha fico me perguntando se esse pouco aprofundamento na trama se deu, porque houve uma preocupação maior em entregar muitas possibilidades de interação.

Voltando a metalinguagem: esse também é um ponto fantástico, porque em dado momento eu me vi saindo da posição de espectador para ser como um “personagem” da trama. Como já falei por alto, eu não estava ali simplesmente clicando “faz isso” ou “faz aquilo“, pois há caminhos que te levam a estabelecer um diálogo com o protagonista. Ah, e apesar da minha escrita fazer parecer que sim, esses recursos não chegam a ser a quebra da quarta parede.

Toda essa interatividade e metalinguagem nos leva a cinco finais diferentes. Aqui no covil, vimos estes cinco e mais dois, porém o pessoal ensandecido do Reddit e do Twitter já fizeram mapas que levam de 13 à 16 finais (tá em inglês e tem spoiler, mas você pode ver esses mapas aqui)! Pretendo ver todos, mas temo que eu passe de “controlador” a “controlado” pela trama. Rapaz, se isso acontecer seria “muito Black Mirror, meo”.

Um híbrido de filme com jogo, Black Mirror: Bandersnatch apresenta uma variedade de cenários alternativos que por hora parece mais nos deslumbrar do que necessariamente contar uma história. Não vejo isso como algo negativo (acho que sou fanboy), uma vez que, a experiência me agradou bastante a ponto de querer rever. Logo eu, o indeciso que mal decide o próprio café da manhã, ter que decidir o dos outros.