Não sou muito de aceitar sugestões para filmes, pois isso depende muito de quem sugere. Mas, após um post de um famoso diretor de cinema que passou pela minha timeline, sugerindo às pessoas que assistissem A Vastidão da Noite, resolvi dar uma atenção e li o que ele escreveu. E ele me convenceu. Fui assistir o filme original Amazon Prime Video e confesso que me surpreendi com o que o mesmo me provocou. Me acompanha que eu te conto!
Se liga nessa sinopse aqui:
Em meados de 1950, em uma fatídica noite no Novo México, a jovem Fay (Sierra McCormick) e o carismático radialista Everett (Jake Horowitz) descobrem uma estranha frequência de rádio que pode mudar a cidade onde moram e o futuro de todos para sempre.
Agora que você leu a sinopse, convenhamos que ela não te disse muita coisa. Para ser sincera, falar de A Vastidão da Noite vai ser complicado, pois não posso, não gosto e não quero te dar spoilers. E também, o roteiro de Andrew Patterson é bem simples, na minha opinião, mas é muito, muito bem executado por ele mesmo. Sim, além de ser estreante, ele parece ter sido tudo nesse filme e acho que a única coisa que ele não deve ter feito foi atuar (pelo menos eu não o encontrei andando pelas ruas de Cayuga… rs).
Mas é importante dizer que a simplicidade do filme me fez deixar de assisti-lo da primeira vez… Sim, nós (eu e o Vinicius) decidimos parar de assistir o filme, logo nos primeiros dez minutos acho e vi pessoas comentando na internet que elas fizeram o mesmo, mas que, depois de assistir vídeos e ler críticas sobre A Vastidão da Noite, decidiram que dariam uma segunda chance. Já comigo, foi diferente, pois decidi assistir sozinha no dia seguinte. Da primeira vez, assisti legendado e acredito que foi esse o principal problema, porque o filme começa com diálogos simples, mas muito reais em vários aspectos, como na respiração (corridos demais, como se fosse natural), nas pausas e nas confusões com o nome de um dos protagonistas, o Everett (e isso me pareceu tão real que até eu fiquei confusa rs). Tudo isso, num ginásio esportivo, nos bastidores de um jogo de basquete que começaria em minutos.
Após isso, Everett emenda um baita papo com Fay, a outra protagonista, sobre um gravador dela, pelo qual ela está encantada. Inclusive, ela aparenta estar encantada pelos dois hahaha. Ele, jovem radialista da cidade, dá dicas a ela, a ajuda a tentar fazer entrevistas com algumas pessoas e depois vão se afastando do ginásio, andando pela rua e conversando sobre o futuro tecnológico, uma vez que eles estão nos anos 50. A longa conversa confesso, achei bem longa, mas entendível pela imersão proporcionada pelo filme. Mas, ao recomeçar de onde parei, no dia seguinte, percebi que foi exatamente no ponto em que as coisas mudaram e muito na trama.
Falando na rua, vale ressaltar que esse filme trabalha muito na escuridão. O lugar mais iluminado que vi foi o ginásio. A caminhada que Everett e Fay fazem e em outros lugares têm luz sim, mas é uma luz muito fraca e fosca. E falando em escuridão, o filme trabalha muito com os nossos sentidos e, em alguns momentos, a tela ficará completamente escura, como se você tivesse que ficar com o mesmo foco dos personagens: Se eles estão ouvindo algo importante no rádio ou um telefonema, como a tela fica escura, você, telespectador, também irá aguçar apenas a sua audição.
Então, fica evidente aqui que sonoplastia e fotografia trabalham em completa sintonia e imersão com quem assiste o filme e isso provoca reações diversas em nós. Primeiro que todos ali, inclusive nós, não sabem do que se tratam os ruídos na frequência de rádio, então, a mesma aflição, emoção, euforia que os dois protagonistas sentem, eu também senti. Há uma cena em que a câmera faz um percurso pelas ruas, como se fosse estivesse voando baixo, passando por lugares escuros e eu senti que era eu quem estava ali e que, a qualquer momento, eu fosse me deparar com algo. Eu fiquei com um certo medo ali… E outra: A Vastidão da Noite daria um ótimo episódio de podcast. Todo ruído do filme, sejam passos, porta de carro batendo, ventania, frequência de rádio, absolutamente, todo movimento era audível no filme.
Mas se A Vastidão da Noite foi uma “referência” aos podcasts ou a um específico eu não sei, mas que a referência ao seria Além da Imaginação foi claríssima, isso foi! O próprio início do filme como se alguém estivesse assistindo um programa de TV nos anos 50 e as letras usadas para descrever o que estava sendo assistido, são claras referências ao antigo programa de TV, que retornou e também está sendo exibido pela Amazon. Aliás, esse recurso da TV dos anos 50 é utilizado em outros momentos do filme. Não posso dizer de outras referências, porque receio acabar dando spoilers por aqui.
Com um roteiro simples e trabalhando muito com o sentido da audição A Vastidão da Noite entrega um a trama que surpreende. Ao meu ver, se tratando de um filme, mesmo que ele não seja tão longo, focar na imersão do recurso auditivo e conseguir fazer o telespectador preso na narrativa, é algo desafiador. Mas tem duas coisas que também me parecem importantes destacar aqui e que não o fiz para o texto não ficar grande demais: uma é que, apesar de não se aprofundar, o filme aborda críticas ao racismo e ao sexismo, por exemplo e isso nem precisou ser muito aprofundado, pois me pareceu que o tempo dos acontecimentos na trama ocorriam na mesma duração do filme, pouco mais de uma hora. Outra coisa: não espere um final surpreendente, mas aproveite a viagem. E não abortem a missão tão rápido. Assistam A Vastidão da Noite.
“Eu sou Groot” e professora. Adoro assistir filmes e séries; ler livros e HQs e “eu QUERIA fazer isso o dia todo”. Espero ter “vida longa e próspera”…