Em comemoração ao seu primeiro ano, o financiamento coletivo Clube da Caixa Preta nos presenteou com a tradução livre e afrocentrada do conto russo de Alexandre Pushkin. Tiro: Pushkin Na Favela foi uma leitura que resolvi fazer, logo após a leitura de Disparo, a tradução original. Agora, se eu gostei?! Me segue que eu te conto!
Mas, antes de disparar para o texto, a sinopse:
No morro, um respeitado ex-fuzileiro, depois de não bater de frente um homem que o desafiava, viu seu posto de ‘mais velho’ e honrado dentre dos demais ir por água abaixo. Porém, uma carta vinda de longe, lhe trouxe uma notícia capaz de mudar os rumos de sua vida, de outras pessoas e de trazer de volta sua ‘pose de durão’.
Acho que eu nunca tinha lido uma versão afrocentrada de alguma obra. Pelo menos, não me recordo. Tiro: Pushkin Na Favela foi a primeira e uma grata surpresa. Que leitura maravilhosa! Se não gostei de uns pontos em Disparo, como um primeiro incômodo com o fato de não ter nomes de personagens e lugares, ou ainda, por não ter ido de acordo com a ideia inoportuna do personagem principal, nesta versão afrocentrada tais dívidas foram completamente sanadas, apesar da supressão de nomes ter permanecido.
Esta tradução livre e afrocentrada feita por Paterson Franco Costa é excelente! Para quem lê um Tiro logo depois de Disparo, sente que não tiveram mudanças drásticas, que a essência do conto de Alexandre Pushkin está ali em cada página, só que com a ambientação, personagens, expressões, gírias tudo nosso, inclusive, aquelas palavras de origem africana que usamos (pelo menos eu uso muito), como muxoxo, muamba e quizumba.
Tiro: Pushkin Na Favela é bem mais interessante. Parece que a leitura te abraça e sua mente diz (?) “Pronto! Agora sim!”. Não que a leitura do conto original de Pushkin não seja fluida, mas é que com esta versão afrocentrada feita por Costa, a leitura ficou muito mais envolvente, de forma que não quis para de ler, um entusiasmo que permaneceu, mesmo já sabendo do final da história.
Trazendo uma versão afrocentrada e mais envolvente, pelo menos para esta leitora que vos fala, a Editora Escureceu acertou em cheio neste presente aos apoiadores do Clube da Caixa Preta. Pelo menos, eu vi e li Tiro: Pushkin Na Favela como um presente. Foram duas traduções excelentes de Paterson Franco Costa que, inclusive, acrescentou uma nota prévia ao conto, ao contar-nos sobre a encruzilhada na qual se viu na tarefa de traduzir este conto russo de forma afrocentrada. Parabéns à Editora Escureceu!
“Eu sou Groot” e professora. Adoro assistir filmes e séries; ler livros e HQs e “eu QUERIA fazer isso o dia todo”. Espero ter “vida longa e próspera”…