Lemos: Seu Fortier e o Violino


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On 27 de setembro de 2021
Last modified:27 de setembro de 2021

Summary:

O conto da Caixa Preta do mês de junho foi Seu Fortier e o Violino, de Alice Dunbar Nelson. Demorei para ler, mas já tinha dado uma lida inicial e achei que eu deveria dar mais atenção ao mesmo, ainda mais por de tratar de música. Conto lido e cá estou para falar sobre. Me acompanhe!

O conto da Caixa Preta do mês de junho foi Seu Fortier e o Violino, de Alice Dunbar Nelson. Demorei para ler, mas já tinha dado uma lida inicial e achei que eu deveria dar mais atenção ao mesmo, ainda mais por de tratar de música. Conto lido e cá estou para falar sobre. Me acompanhe!

Mas, antes do primeiro acorde, a sinopse:

Seu Fortier é um músico de longa data, que nutre uma grande paixão por seu violino. Mas, em dado momento, junto a seu instrumento musical se vê num embate com o novo, o moderno nas temporadas de apresentações e, com isso, prevê tempos difíceis para ele e seu inseparável amigo, o violino.

Primeiramente, quero dizer que o conto não era complicado de entender como eu presumi que seria, muito pelo contrário. Seu Fortier e o Violino é um conto muito simples. Ouso a dizer que foi o mais simples que li de todos da Caixa Preta. Quando digo isso é porque a trama não nos apresenta grandes questões sociais a serem discutidas, nem mesmo apresenta algum recurso estilístico na escrita, capaz de requerer algum destaque por aqui.

A única situação apresentada neste conto a ser destacada é o fato do protagonista, Seu Fortier, ter de lidar tão abruptamente com a modernidade, com o novo, e os impactos que isso causa em sua auto estima. Isso porque a trama entrega um senhor idoso, que guarda consigo uma grande experiência de vida, de musicalidade e que, entre uma temporada e outra, toda essa experiência parece se desvalorizada pela sociedade, pelo grande público e contratantes, impactanto negativamente em sua vida no âmbito profissional, pessoal, financeiro e psicológico.

Tal simplicidade e, ao mesmo tempo, grandeza do conto, é obra da poetisa, jornalista e ativista política americana, Alice Dunbar Nelson. Ela gostava de escrever histórias comuns e dizia que seus personagens negros eram “seres humanos simples” e acreditava que muitos escritores focavam demais nas questões raciais como temática. Alice também foi colunista e palestrante de muito sucesso. Faleceu em 18 de setembro de 1935, de uma doença cardíaca, aos 60 anos.

Apesar de ter um final igualmente simplório como todo conto, Seu Fortier e o Violino é também uma leitura rápida que traz uma facilidade imensa de sentir a história e o que o personagem passa, por se tratar de um grande apreço que se tem por algo ou alguém. O conto aborda sucintamente outras questões que não passam despercebidas ao leitor mais atento, mas preferi não falar delas aqui para não entregar muito da trama. Mas é claro que trata-se de uma leitura ótima, fluida, apaixonante e recomendável.