Lemos: Deadpool – Dog Park

— Deadpool, dê uma palavrinha ao estimado leitor do seu livro.
— Estimado leitor, este livro contém a história do mais incrível personagem da Marvel.
— Deadpool, é melhor você falar a verdade…
— Ei! Eu sou muito importante, ok? Tem livro e filme sobre mim! O fato é que não sei se vão gostar de saber que sou um mercenário psicótico que sofre de alucinações. Seria uma propaganda um tanto estranha, quase uma despropaganda.
— Então fale sobre o enredo do livro.
— Este é um livro sobre cachorros. Filhotinhos. Na verdade, os filhotinhos mais fofos que alguém poderia imaginar! Labradores, collies, beagles… Owwn! Mas que viram monstrengos gigantes terríveis dispostos a destruir tudo e todos! E a S.H.I.E.L.D. me deu a missão de aniquilá-los.
— Tipo o cara da carrocinha?
— A mãe tá boa?
— Sobre o livro, Deadpool, o livro…
— Bom, a grande questão é que eu até curto matar pessoas — só as que merecem —, mas cãezinhos… ah, velho, que dilema. Só posso dizer que Stefan Petrucha me colocou em situações absurdas nesta hilária — e suja, em muitos sentidos — aventura… Curtiu?
— Alucinante, Wade.

(Contra capa do livro “Deadpool – Dog Park”)


É essa vibe que faz parte do livro Deadpool – Dog Park, lançado pela editora Novo Século. Como o Deadpool já apresentou previamente no diálogo acima, este romance do universo Marvel é de autoria de Stefan Petrucha, que conta de forma inusitada e original uma aventura de Deadpool.

Nessa história, o Mercenário Tagarela é contratado pela S.H.I.E.L.D. para dizimar uma lista de catioros fofíneos que, à primeira impressão, parecem inofencivos e lindos filhotes, com aqueles olhinhos inocentes, cheios de amor, tipo os 101 Dálmatas (acho que agora eu ilustrei beeeem o nível de fofura). Mas a qualquer momento podem se transformar em monstros enormes e feiosos, que falam em terceira pessoa, com uma voz assustadora (Como eu sei disso? Ah, a gente interpreta a voz de um gigante desta forma, não?!) e com sede, digo, FOME de comer alguém 😶(não, não estou dizendo que eles seguem a filosofia de Píton, que teve como discípulo nada mais, nada menos, que Karl Marx), tipo o Hulk (Tá piorando nas referências, Bel…)… Ahhhh… Vontade de matar geral, pronto. São tipo alienígenas… Cabe ao Deadpool descobrir quem está tramando toda essa confusão (“…essa confusão do barulho, que não vai sobrar pedra sobre pedra” #locutorSessãodaTarde 👍😉). E não posso falar mais do que isso.

A gente conhece a fama do Deadpool: Fala pra c@#*%$& e fala muita m&#%@; é um p#!@ cara engraçado; um f#%!$& na vida, que topa tudo pela p%#$@ do dinheiro e é um filho da p#!@ desbocado, mó boca suja do c@#*%$&. Então já dá pra ter uma noção do quão louco é esse livro. Sem contar as suas vozes internas (Sim, elas aparecem.), que o deixa ainda mais tagarela.

Deadpool já começa reclamando do fato de sua história estar sendo contada num livro. Sim, pode acreditar! Ele fica p#!% pra c@#*%$& porque não tem imagens, não tem balões de fala, nem as caixas amarelas indicando suas “vozes” e tenta explicar ao leitor como ler suas falas e já adianta que não quer uma leitura demorada, já que ele tem que descrever tudo o que está acontecendo, o que seria o papel das imagens nos quadrinhos.

Segundo a explicação do próprio Deadpool, essas “vozes” seriam seu “diálogo interno”, sendo diferenciadas com os recursos “esse negócio aí”, em negrito e em itálico, que ele chama de “Voz interior Número 2”, mas depois de umas 20 páginas, mais ou menos, ele já esqueceu os “nomes” das vozes. 😂

O dualismo dentro da cabeça de Deadpool é um dos pontos altos do livro, já que está sempre presente e aparece de repente, sempre se metendo nos diálogos. Seus alter egos complementam a fala do personagem, ora com sugestões e julgamentos, ora dialogando entre eles sobre coisas aleatórias, o que desnorteia o personagem e às vezes, o faz sair do contexto anterior. 😵

Sendo franca, eu gostei muito do enredo, do seu desenvolvimento das piadas e referências ao Universo Marvel, da liberdade ao brincar com o formato do livro, pulando a ordem dos capítulos e retomando a sequência, outro recurso que, além do seu alter ego, também brinca com a memória do leitor, deixando-o mais atento e preso à história.

Quem gosta do formato dos quadrinhos do Deadpool e de sua personalidade, que adora falar pelos cotovelos, vai gostar (e muito!) do livro, pois o autor manteve essa característica no romance. Isso pode deixar a leitura um pouco arrastada, mas sem se deixar cair na verborreia, tendo um livro provido de uma linguagem simples, informal e bem divertida. Eu escutei um “Será vale a pena ter esse livro?” ?! Siiiiiiimmmm!!! Vale muito a pena pelo simples fato de ser uma história original, um romance autônomo, ou seja, não é uma adaptação dos quadrinhos. Por isso você não precisa ler nenhuma HQ do Mercenário Tagarela pra poder entender o enredo de Dog Park, uma vez que já se sabe que ele é o anti-herói mais do c@#*%$& que você respeita. É bom você comprar logo esse livro…