Lemos: A Deusa no Labirinto


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On 22 de maio de 2020
Last modified:22 de maio de 2020

Summary:

#Tormenta20 está quase entre nós (inclusive, aproveite a pré-venda aqui)! Para não receber spoilers no novo livro básico, tive que adiar algumas leituras mais antigas do cenário e acelerar as mais recentes. Alguns contratempos atrasaram o processo, mas enfim terminei A Deusa no Labirinto e cá estou para falar as minhas impressões.

#Tormenta20 está quase entre nós (inclusive, aproveite a pré-venda aqui)! Para não receber spoilers no novo livro básico, tive que adiar algumas leituras mais antigas do cenário e acelerar as mais recentes. Alguns contratempos atrasaram o processo, mas enfim terminei A Deusa no Labirinto e cá estou para falar as minhas impressões.

Mas antes da revolução, vamos à sinopse:

No oeste do mundo conhecido, o Império de Tauron se ergue supremo.

Em uma terra onde os fortes oprimem os fracos com a justificativa de protegê-los, elfas e humanas são mantidas escravas nos haréns dos minotauros. Assim determina a lei do império, concebida conforme a lei divina do Touro em Chamas.

Ninguém se opõe. Nem os senhores, satisfeitos com o poder acumulado, nem os servos, doutrinados a obedecer. Os outros reinos, temerosos das legiões táuricas, se acovardam. Os deuses, indolentes, apenas assistem à miséria dos mortais.

Todos fecham os olhos para a perversidade da escravidão. Chegou a hora de fazer algo a respeito.

Em A Deusa no Labirinto, Karen Soarele (A Joia da Alma) aborda a mais controversa das sociedades de Arton. Um farol de paz e progresso em um mundo selvagem, a civilização táurica alcançou a glória, mas a um custo terrível. Quando uma elfa decide agir contra este regime, desencadeia eventos que irão mudar para sempre o Império de Tauron, o Reinado de Arton e o próprio Panteão.

Sempre gosto de ressaltar que o meu contato com a literatura de Tormenta é recente, porém já tinha me aventurado em seu RPG. Por que eu estou falando isso? Bem, foram nas rolagens de dados que eu conheci o controverso Império de Tauron. Seu aspecto escravagista era algo que eu queria enfrentar em alguma mesa, entretanto, a oportunidade nunca veio… Felizmente a Karen veio contar essa trama de uma forma melhor e com personagens mais preparados, porque se dependessem dos meus colegas aventureiros… Hahahaha!

Sem a intenção de magoar meus antigos amigos de mesa, digo que a autora fez melhor, porque o olhar que ela lança sobre a sociedade táurica é espetacular. Destaco principalmente como a relação entre cuidado e violência (tanto física, quanto psicológica) daquela cultura foi retratada. Nesse ponto, os vilões têm aspectos bem humanizados, mas sem deixar de serem problematizados. Dentro de uma obra de fantasia temos uma discussão sobre machismo estrutural que só uma mulher poderia escrever.

Contudo, outras discussões permeiam as páginas. Afinal, quando há domínios de corpos, há relações abusivas. Quando o poder é centralizado em um grupo, o seu padrão é o único aceitável. Não há espaço para outras possibilidades de ser. A minha leitura viu que o poder segregou, reprimiu (sexualidade inclusive), tirou potências de viver e fez oprimidos sonharem ser opressores.

Partindo destas problemáticas, há o aspecto que achei mais bonito na obra: o conhecimento liberta (seja fisicamente ou psicologicamente)! Sendo o conhecimento personificado, temos a protagonista Gwen. Além de ser forte em todos os sentidos, a elfa clériga de Tanna-Toh (assim como os demais personagens) é muito bem construída. Não vou falar muito sobre os personagens, porque a resenha já está bem grande para o padrão do blog, mas falo com tranquilidade que são incríveis.

Por fim, vou falar um pouco sobre a escrita da Karen. Ressalto que esse foi o meu primeiro contato com a escrita dela (sim, eu pulei A Joia da Alma) e eu gostei muito do que li. A construção das cenas são envolventes! Soarele é capaz de te prender desde cenas cotidianas, como uma queda de braços em uma taverna, até em batalhas enérgicas. Há poesias em conjuração, emoção, humor, descrições escatológicas… Ou seja, muita versatilidade! Destaque para os momentos finais, que me fizeram sentir em uma narrativa de videogame.

Como a sinopse bem diz, A Deusa no Labirinto realmente mexe com as estruturas do Império de Tauron, do Reinado de Arton e do próprio Panteão. Além de ser uma leitura altamente recomendada, deixa um gancho ótimo para as nossas próximas rolagens de dados. Falando nelas, que venha o Tormenta20!

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