O nome Avatar: A Lenda de Aang me faz viajar ao fim do ensino médio. Naquelas antigas e raras manhãs sem aulas, eu podia assistir os episódios sem grandes preocupações. Mesmo eu conhecendo o fim, minha antiga realidade nunca permitiu assistir a série na íntegra. Hoje, graças aos streamings, pude finalmente maratonar e cá estou para falar desse universo que tanto me encanta. Vem comigo?
Mas antes, a Katara vai contar a sinopse pra gente:
Água. Terra. Fogo. Ar. Há muito tempo, as quatro nações conviviam em paz e harmonia. Então tudo isso mudou quando a Nação do Fogo atacou. Apenas o Avatar, mestre de todos os quatro elementos, poderia pará-los, porém quando o mundo mais precisou ele desapareceu. Cem anos se passaram e eu e meu irmão descobrimos o novo Avatar, um dobrador de ar chamado Aang. E embora suas habilidades com a dobra de ar sejam ótimas, ele precisa aprender bastante antes que esteja pronto para salvar alguém. Mas, eu acredito que Aang pode salvar mundo
Partindo da explicação da Katara, começo falando pela construção do universo. Em Avatar: A Lenda de Aang, tudo é simples à primeira vista: quatro nações, uma para cada elemento; em cada nação há pessoas que dominam esses elementos, os dobradores; uma guerra mundial; e como figura central, o Avatar, um dobrador dos quatro elementos e que é responsável por garantir o equilíbrio do mundo.
Porém, com a evolução da trama esse universo vai se apresentando em diversas camadas. Posso citar como exemplos as diferentes culturas presentes nas cidades, lendas locais, fauna, etc… Tudo isso com inúmeras referências às artes marciais, filosofia e espiritualidade oriental. O que continua me fascinando até hoje na série é que a construção desse mundo fantástico funciona muito bem, mesmo não possuindo grandes explicações (fator que acabou sendo abordado em Korra, mas isso é papo para outro dia). Enxergo a animação como uma verdadeira aula de narrativa!
Mas o que seria de um universo rico sem personagens interessantes? Nada! Felizmente, neste aspecto a série dá outra aula. Os personagens que a princípio parecem bobos e comuns, aos poucos vão evoluindo de uma forma incrível. De forma suave, a trama entrega personagens vivos e marcantes! Considero uma boa experiencia avaliar a jornada de cada um.
Por fim, vou falar um pouco do enredo. Sendo bem amarrado e com um ritmo fluído, o mesmo traz reflexões profundas para um desenho dito infantil. Não é difícil identificar críticas às consequências de uma guerra, como: opressão, violência, traumas e refugiados. Porém não se limita ao tema bélico, porque fala também sobre meio ambiente, dilemas existenciais, amadurecimento, etc e etc. Ah! Mas vale ressaltar que a produção não é só densa assim. Inclusive tem excelentes momentos de humor, em sua grande parte.
Avatar: A Lenda de Aang é uma série que, na minha opinião, envelheceu muito bem! Considero que a mesma é uma verdadeira oficina para todos aqueles que pensam em escrever as suas próprias histórias. Contudo, se esse não for o seu caso, assista e aproveite essa jornada tão rica. E se assistiu, reassista!
Aka Joe. Professor de linguagens místicas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, profissional de estudos psíquicos na Escola Xavier para Jovens Superdotados, amador na arte de grafar e consorte da Bel. Entusiasta dos bardos, contadores de histórias, sábios, estrategistas, aventureiros, tabernistas e bobos da corte.