Lemos: Starmind – Professor de Química do Mal

Imagine que você seja uma pessoa detentora do poder da inteligência (o sabichão meRmo) e que, além deste, você também tem o poder de passar tal inteligência para outras pessoas. Imaginou?! Tá, mas se você pensou que este ser é um (a) professor (a), você errou rude, até porque nós nem somos detentores da sabedoria! Sem contar que o poder é transmitido de forma inusitada: através de um soco HAHAHAHAHAHAHAHAHA meus alunos vão adorar essa ideia #sóquenão! Definitivamente, não somos nós “profes”. Esse poder vem do Starmind, personagem do mangá, de mesmo nome, lançado pela Editora Draco, com o seu selo de quadrinhos e mangás, o Contraversão.

Recebemos o mangá Starmind – Professor de Química do Mal de brinde, pela compra que fizemos na Purple Friday (nome dado à Black Friday da Editora Draco). Nós já sabíamos que viria um brinde na compra e, para minha surpresa, veio este mangá, com roteiro de Ryot (Ricardo Tokumoto) e arte de Toppera-TPR (Daniel Bretas), do qual falarei hoje. Vale lembrar que, em 2014, este mangá foi um dos vencedores do BMA (Brazil Mangá Awards), realizado pela JBC. Eita! Então, vem comigo que eu te conto como foi a minha experiência com esta leitura!

Antes disso, se liga nessa sinopse:

Inteligência na base da porrada? Como assim??

Starmind conta a história de Artie, um garoto que pede a uma estrela cadente para se tornar inteligente e milagrosamente é atendido. Assim torna-se Starmind, o Guardião do Saber. O guerreiro tem o poder de distribuir inteligência a todos, o problema é que só faz isso através da porrada! Isso traz diversas consequências, tanto boas quanto más, e cabe a Artie e seus amigos enfrentá-las.

E desta vez, como na Terceira Lei de Newton, poderosas reações irão diretamente de encontro ao nosso herói. Dr. Phillipe Popper, o professor de Química na escola, discorda da maneira radical dos métodos de ensino aplicados por Starmind. Agora o Guardião do Saber deverá responder ao desafio do sábio vilão.

Starmind – Professor de Química do mal, de Ryot e Toppera-TPR, é uma divertida e alucinante viagem visual. O que ocorre quando dois poderosos corpos ocupam o mesmo lugar no espaço? Não perca por nada nesse mundo!

Starmind – Professor de Química do Mal é um mangá bem pequeno (que pena, porque eu queria mais), com uma narrativa simples e bem inteligente. Coincidência com a personagem?! Eu acho que não! Esse mangá tem um roteiro prazeroso de ler e engraçada na medida certa. E isso já começa pelo título: o Vinicius me mostrou um meme que eu talvez já tenha visto, mas não lembro, quanto à “tradução” dada à série Breaking Bad, cujo subtítulo também era “Química do Mal”. Já na primeira página, você acha graça da fala do Starmind, cujo assunto é seríssimo para o personagem que, vale lembrar detém um grande poder de inteligência. No terceiro quadro é perceptível o ótimo nível do roteiro. Dei boas risadas com as zoeiras, as trapalhadas…

Tudo isso ficou por conta de dois personagens em específico: Arthur (Starmind), um aluno que tem o poder da inteligência e de transmitir a mesma a quem ele quiser, com APENAS um soco, poder este adquirido com um pedido feito à uma estrela cadente; e seu professor de química na escola, o Dr. Phillipe Popper (aquela jogada interessante com as letras inicias do nome e sobrenome serem iguais, tipo Walter White), que discorda totalmente da forma como Starmind transmite o conhecimento às pessoas que o cercam, ou seja, as que estão afim de ganharem um “soco de conhecimento” e passarem a ser mentes brilhantes em qualquer área.

Essa mensagem de professor e aluno serem detentores de inteligência e entrarem em um certo conflito diante das mesmas, foi uma jogada genial do Ryot. É exatamente o que acontece em sala de aula. Os alunos transmitem o têm vontade de transmitir em sala de aula todo seu conhecimento prévio que, muita das vezes, não é aproveitado pelo professor. E sim, na maioria das vezes, são alunos de mentes brilhantes e que, mesmo “não prestando a devida atenção na aula”, rendem bons resultados, sejam eles nos papéis (testes e provas) ou em outras atividades orais ou lúdicas. Essa chamada de “Inteligência na base da porrada”, ao meu ver, tende a ser uma referência às formas antigas de ensino, das quais você já deve ter ouvido falar, né?! Mas aí, Starmind – Professor de Química do Mal  traz um novo lado para o tapa de conhecimento, onde há a luta de um aluno por uma “elucidada” no professor de que todo conhecimento é bem vindo e que os professores não devem, de forma alguma, achar que o conhecimento que chega com aquele aluno, seja algo momentâneo ou descartável.

A arte de Starmind – Professor de Química do Mal é linda! Com traços finos e aquele ar de esboço, com dois tracejados, Toppera-TPR transmite forma e um contorno perfeitos ao desenho. Os sombreados e os tons acinzentados são postos com a precisão de demonstrar o brilho ou o lado obscuro nas cenas. Há cenas, inclusive, que tomam até duas páginas inteiras, porém sendo diagonal, dividindo as sequências de movimentos, o que achei maravilhoso, juntamente com os nomes dos golpes.

Starmind – Professor de Química do Mal é um mangá sensacional. Tem uma narrativa simples e divertida que, mesmo sendo voltado para a garotada, tem uma mensagem importante para o docente que, por muitas vezes, limita ou não valoriza a capacidade que um aluno tem de transmitir o próprio conhecimento, uma vez que ambos podem aprender, pois a relação professor/ aluno é também uma troca de saberes. Eu amei esse mangá, mas a única coisa “ruim”, é que ele acaba… 😉