Assistimos: Black Mirror (Seasons 1, 2 & 3)

Até quanto a tecnologia e as formas de comunicação podem influenciar nas nossas vidas? Estamos nos tornando escravos da tecnologia? Isso pode se tornar nocivo? Um apocalipse das relações sociais?

Talvez sejam essas as reflexões que você vai ter depois de assistir pelo menos um episódio de Black Mirror. Afinal, como diz aquele seu amigo chato: “Isso é muito Black Mirror, meo!”. Ou seria você o amigo chato? Vish!

Antes de começar a falar sobre cada episódio, vamos falar um pouco sobre a série: Black Mirror é uma série de ficção científica criada por Charlie Brooker, que analisa a sociedade contemporânea de forma sombria, satírica e especulativa, especialmente no que diz respeito às consequências das novas tecnologias. Inicialmente era transmitida pelo Channel 4, mas em 2016 ganhou alcance global quando sua transmissão começou a ser feita pelo Netflix.

Sinopse geral devidamente feita, vamos “dessecar” os episódios!

S01.E01 – The National Anthem: O primeiro-ministro Michael Callow vê sua vida se transformar em um inferno quando a princesa Susannah é sequestrada e o resgate é um pedido nada convencional. A partir disto, ele começa a sofrer com a pressão das redes sociais e da mídia para atender o pedido do sequestrador, para assim salvar a vida da princesa. Um episódio não tão sci-fi quanto os seguintes, mas que traz uma visão interessante sobre o comportamento das pessoas perante à desgraça alheia. Nada como começar a série com um episódio impactante! Sinceramente, há muito tempo não via nada parecido. 

S01.E02 – Fifteen Million Merits: Neste episódio, vemos um grupo de pessoas que tem que pedalar diariamente, durante horas e horas, em troca de pontos para suprir suas necessidades básicas e viver virtualmente através de um avatar. Nessa espécie de escravidão, eles são “massacrados” por propagandas e programas de entretenimento barato e a única opção para sair dessa realidade é competindo em um programa de talentos. Certo dia neste programa, uma mulher não consegue impressionar os juízes, então começa o dilema de fazer algo degradante ou retornar a uma existência análoga à escravidão.

S01.E03 – The Entire History of You: Um implante de memória registra tudo o que você faz, vê e ouve, e pode-se ter acesso aos registros a qualquer momento. Uma tecnologia aparentemente útil, mas que somada a sentimentos e inseguranças de um homem, começa trazer conflitos na vida de um casal. Certamente, um dos melhores episódios da série.

S02.E01 – Be Right Back: Um casal tinha uma vida feliz em uma casa no interior, mas em um belo dia, a mulher perde seu o marido em um acidente de carro. De luto, acaba aceitando usar um software que permite “conversar” com o falecido. Um episódio sci-fi com muito sentimento.

S02.E02 – White Bear: Uma mulher acorda sem saber quem é, e tampouco onde está. Ao tentar entender o que está acontecendo, ela começa a ser perseguida por caçadores que tentam matá-la a todo momento e as demais pessoas não a ajudam, só ficam filmando tudo em seus celulares. Um episódio de ritmo acelerado onde o final é surpreendente. E ouso a dizer, o comportamento daquelas pessoas não está tão longe da nossa realidade.

S02.E03 – The Waldo Moment: Por trás de Waldo (o popular urso de desenho), vive um comediante fracassado. Em uma época de eleições, os executivos de TV percebem que a popularidade de Waldo é tão grande que lançam a sua candidatura. O comediante não gosta do rumo que as coisas estão tomando e começa a ter inúmeros conflitos entre ideais e carreira. Episódio fraco, mas até que o conceito é interessante.

S02.Special – White Christmas: Uma misteriosa casa isolada e cercada de neve em um dia de natal. Durante um almoço, Matt quer saber mais sobre Potter, que não é muito de falar sobre a sua vida. Após alguns relatos surpreendentes sobre a vida de Matt, Potter se sente confortável para contar como foi parar ali. São três ótimas histórias dentro de um episódio só.

S03.E01 – Nosedive: Nesse futuro aparentemente não muito distante (será? hahaha), tudo é controlado pela forma como as pessoas avaliam as outras em uma espécie de rede social. Uma mulher está tentando aumentar seus pontos para morar em uma casa melhor e vê uma ótima oportunidade para obter esse objetivo quando é convidada para ser madrinha de casamento de sua amiga de infância. Lembrei de muita gente assistindo esse episódio, hahaha.

S03.E02 – Playtest: Um americano foge de casa e começa a viajar pelo mundo, mas ele tem um problema financeiro quando chega em Londres. Isso o faz se voluntariar para testar um jogo de realidade virtual revolucionário, em troca de algum dinheiro. O problema é que nesse jogo, ele perde a noção do que é real e o que é virtual. E nós como espectadores, também.

S03.E03 – Shut Up and Dance: Após pegar uma espécie de spyware, Jeremy é gravado em um momento íntimo e começa a ser obrigado a cumprir certas ordens, caso contrário, o vídeo será enviado a todos os seus contatos. Dentre essas ordens ele é obrigado a fazer uma parceria com Hector (que também começa a ser chantageado), e assim começa o “jogo” para salvar as suas imagens/vidas. Um dos melhores episódios!

S03.E04 – San Junipero: No ano de 1987 em uma linda cidade à beira-mar, uma jovem tímida conhece outra muito mais extrovertida e acaba se apaixonando. Tempos depois, ela perde contato com a mesma e começa uma busca que segue durante vários finais de semana, permanecendo assim através dos tempos, mas tudo acaba se revelando em um desfecho surpreendente. Talvez este seja o episódio mais feliz da série.

S03.E05 – Men Against Fire: Os soldados Stripe e Raiman pertencem a uma equipe que tem a missão de proteger um vilarejo contra mutantes ferozes, chamados de “baratas”. Após Stripe entrar em contato com as “baratas”, ele começa a perceber que nem tudo é como parece. Um bom episódio pra quem gosta de filmes de guerra.

S03.E06 – Hated in the Nation: Em um futuro não muito distante na cidade de Londres, a detetive Karin Parke e sua assistente Blue começam a investigar uma série de mortes misteriosas que tem ligação com ataques sofridos pelas vítimas em redes sociais. Não é a season finale que eu esperava, mas ainda assim é um bom episódio.

Realmente Black Mirror nos causa muitas inquietações e reflexões a respeito dos nossos comportamentos perante às novas tecnologias. Gosto muito desse tipo de entretenimento, o que vai além da diversão e deixa uma semente de pensamentos. Se algo que foi transmitido na série vai ou já acontece, é difícil (pelo menos para mim) de ilustrar, mas dá para fazer uns paralelos a ponto de bater um pequeno medo, hahaha. Afinal, “isso é muito Black Mirror, meo“!