Lemos: Batman – Morte em Família

Retomando a leitura das graphic novels da DC Comics, resolvi escolher uma que todos me recomendaram e, realmente, o enredo é bem amarrado, pesadíssimo e muito bom. E eu que achava que só Piada Mortal era pesada. Morte em Família mudou isso e também entra na minha listinha de histórias que, definitivamente, não é para crianças.

Escrita por Jim Starlin e com desenhos de Jim Aparo, Morte em Família acontece logo após os eventos de Piada Mortal, onde Coringa comete atrocidades com Barbara Gordon, a Batgirl. Porém, nesta história, tudo está centralizado no novo Menino-Prodígio, Jason Todd, que descobre algo surpreendente sobre sua origem.

Batman começa a perceber que Jason vem cometendo atitudes impensáveis, deixando de seguir o “roteiro” na hora de combater o crime e que isso pode ser reflexo de feridas mal curadas sobre a vida que levava. Bruce Wayne tornou-se tutor de Jason, quando este tentava roubar os pneus de seu Batmóvel, que era uma espécie de renda para o menino órfão, que vivia sozinho, desde o falecimento de sua mãe. Ou quem ele pensava ser sua mãe…

Após uma discussão com Bruce, Jason retorna ao lugar onde morava e é abordado por uma vizinha, que guardou pertences da família de Jason. É em meio a esses pertences, que ele descobre um documento onde consta o nome de seu pai e de um nome rabiscado, no lugar do nome de sua mãe, que tinha a letra “S” como inicial. Aquilo desperta um ânimo em Jason, que permitia ao garoto vibrar com a possibilidade de ter sua mãe biológica viva.

Tendo como tutor um dos melhores detetives, Jason começa, sozinho, uma investigação para descobrir o paradeiro de sua mãe biológica. Em meio aos pertences de sua família, ele encontra a caderneta de seu falecido pai, de onde deduz que os nomes femininos iniciados com “S” podem revelar quem seria sua genitora.

O menino viaja para países distantes em busca de respostas. Coincidência ou não, Coringa, que acaba de fugir de Arkan, tem rotas de fuga compatíveis com Robin. Batman, que não sabe o paradeiro do Menino-Prodígio, resolveu deixar isso por conta de Alfred e escolhe capturar Coringa. É em meio a esses encontros e desencontros, que uma tragédia acontece.

Como eu já disso, esta história não é para crianças. Ela já começa com o Homem-Morcego encontrando um esconderijo de homens acusados de pornografia infantil. Há também fortes menções às atrocidades que Coringa cometeu à filha do Comissário Gordon, fato que é falado com orgulho e ironia pelo Coringa, onde o mesmo justifica o ato dizendo que Barbara “só levou o que ela evidentemente pedia” (sim, a palavra está em negrito na fala dele). Contrabando, roubo, negligência médica, assassinato… Cenas chocantes. Pelo menos, eu fiquei chocada.

Morte em Família tem  uma arte incrível, com um sombreado forte e linhas finas, que ilustram bem a emoção dos personagens, mesmo quando aparecem bem pequenos nos quadros. A expressão corporal e a movimentação dos personagens também são perceptíveis, através dos finos traços de Jim Aparo, com a ajuda de Adrienne Roy na coloração.

Mostrar um Bruce Wayne maduro diante da perda, foi uma ideia sensacional que apresenta a evolução do, hoje, Homem-Morcego.Um Batman com sangue “nuzói”, querendo acabar (literalmente falando) com a vida de alguém e um arrependimento nítido por não tê-lo feito antes. Se você gostaria de ver essa mudança, te indico fortemente esta leitura, capaz de atrair pelo seu tom investigativo, agora de Batman e Robin.