Quando começaram a circular as imagens de Os Guardiões na internet brasileira, teve um certo furor por conta do “meta-humano urso com uma metralhadora”. Confesso que inicialmente fui um dos que ficaram empolgados e um tanto quanto curioso, porque afinal não é todo dia que se vê a Rússia fazendo filmes de super-heróis, porém, olhando com mais calma… Bem, a empolgação se tornou 100% curiosidade mesmo e enfim pude matá-la. Vamos falar sobre!
Antes de tudo, a sinopse: durante a Guerra Fria, uma organização secreta chamada “Patriota” modificou o DNA de quatro indivíduos para criar um grupo de super-heróis russos, com o objetivo de defender o país de ameaças sobrenaturais (só que isso nunca aconteceu e cada um seguiu seu rumo). Só que em um belo dia, o cientista que os criaram também se torna um meta-humano e resolve dominar o mundo. Aí o governo russo vai atrás dos heróis e bem, o resto você já viu antes nas telinhas.
O enredo é clichê? É, assim como todo filme de super-heróis. A diferença aqui é que não há um grande estúdio por traz de Os Guardiões, então nem vou ousar comparar o longa com os “consagrados” do gênero. Então é pra assistir sabendo que é mais um filme padrão, só que sem aquela grana toda (detalhe que parece fazer toda a diferença).
O filme começa com uma narrativa acelerada para nos situar na história. De início pensei que isso era um bom sinal, imaginei que ia ser pouco “blábláblá” e muita ação. Afinal, são russos e tem um urso gigante no bagulho! Ledo engano, a narrativa é acelerada por ser (talvez pela curta duração e uma ousada tentativa de colocar muita informação)… Logo, a trama não envolve e os personagens tampouco cativam… E olha que não é por falta de tentativa, porque quando vão apresentar os heróis, fizeram cenas épicas (ou tentaram) com trilhas sonoras imponentes.
Outro ponto que eu fiquei meio perdido na trama é que eu pude perceber um viés político no roteiro, porém não achei que se sustentou (talvez por eu não entender muito da história da Rússia). Só consegui entender na real mesmo é que Arsus, Khan, Ler e Xenia representavam os diferentes povos que compuseram a União Soviética, mas isso foi tão óbvio que nem era pra eu tá falando aqui…
E finalizando minhas críticas negativas, vou comentar duas coisas: primeiro as atuações/diálogos que foram tão genéricos que pareciam sair de uma sátira. A “Nick Fury” russa não conseguia transparecer emoção em nenhuma nas cenas onde tentaram humanizar os nossos heróis. E segundo, o urso é de longe a maior decepção, porque cara, era um urso com uma metralhadora! Mas colocar ele em cenas diurnas foi um tiro no pé, porque desacelerou todas as encenações de luta e ainda deu um ar de PS3 no filme.
Mas nem tudo é de todo ruim: gostei muito da fotografia, trilha sonora, efeitos visuais, algumas cenas de ação; e visualmente falando, os personagens são muito legais. O problema todo foi só um: pouco recurso para acertar no roteiro, elenco e nas aplicações dos clichês.
Os Guardiões é uma tentativa ousada do cinema russo de ganhar uma fatia no mercado dos heróis. Não é a melhor das tentativas, mas também está longe de ser a pior. Na minha opinião o seu maior pecado foi investir nos clichês padrão Marvel/DC (tem até vilão besta)… Se tivessem tentado algo diferente, provavelmente minha visão ia ser outra. Afinal, tem um fodendo urso com uma metralhadora!
Aka Joe. Professor de linguagens místicas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, profissional de estudos psíquicos na Escola Xavier para Jovens Superdotados, amador na arte de grafar e consorte da Bel. Entusiasta dos bardos, contadores de histórias, sábios, estrategistas, aventureiros, tabernistas e bobos da corte.