Lemos: Capitão América – Morre uma Lenda

O Capitão morreu. Sim, mataram Steve Rogers e foi triste pra caramba. Foi imersivo. Doeu aqui. Para um personagem tão icônico, tão politicamente correto e histórico no universo dos quadrinhos, e do universo Marvel, é difícil imaginar que alguém (algum autor) teria coragem de sequer cogitar a possibilidade de matar uma criação de Jack Kirby. Pois bem, essa ideia veio de J. Michael Straczynski e Jeph Loeb “comprou” essa ideia (Valeu, cara!), escrevendo o roteiro de Capitão América – Morre uma Lenda.



Nesta história, em meio à batalha quanto à exigência de que os super-herois fossem regulamentados pelo governo, o Capitão América, líder do grupo que era contra à tal medida, se entrega às autoridades. No percurso dele, já algemado, até o Tribunal de Nova York, Rogers é baleado por um atirador, ao tentar salvar um policial, e morre. Mas acredita-se que tudo tenha sido friamente calculado, pois sabe-se que Steve daria a vida em prol de outra. Após essa tragédia, a comunidade de super-herois tenta encontrar formas de lidar com a dor da perda, lidar com o luto.

Capitão América – Morre uma Lenda foi uma leitura muito prazerosa, apesar da temática fúnebre. O tom sério e bem mais dramático (que não tinha muita enrolação), mexeu bastante comigo, pois houve uma imersão, quanto ao sofrimento dos personagens. Acabei me identificando com aquela dor, que era nitidamente forte, uma vez que eu mesmo já sofri muito com a morte de um ente querido. E essa identificação não foi à toa, já que a história tem base na psicologia.

É isso meRmo! Cada capítulo da história é focado nos “estágios do luto” que são: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. E é aí que a história mexe com o psicológico do leitor, que acaba se identificando com o momento pelo qual cada personagem passa. Até porque, o Capitão América é um personagem tão amigão da vizinh– [Não, Bel… Esse é outro!] –de todos e tão bonzinho, que a gente até sente uma tristezinha por perder o Cap. Vale ressaltar que fiquei impressionada com o sentimento de Wolverine e muito balançada (hahaha… ba-dum-tsss) com o Homem-Aranha, porque acredito que foram os que mais sofreram.

A arte de David Finch, John Cassaday e a finalização de Danny Miki, com seus sombreados e traços finos, ajudaram a tornar ainda mais perceptível a movimentação, mas, principalmente, a tristeza, a dor e o desespero no rosto de cada personagem. A coloração feita por Laura Martin é Frank D’Armata foi responsável pelo tom sombrio e fúnebre nas imagens.

Ter histórias de super-herois em lutas corporais com diferentes propósitos ou universo diferenciado, já é interessante. Mas ter um quadrinho onde eles lutam contra a dor interna, onde o psicológico é bem mais visível, mesmo que sentimentos sejam abstratos, torna-se algo bem mais interessante. Sentir-se tão próximo dos personagens é uma experiência ótima (pelo menos foi para mim), muito prazerosa. Capitão América – Morre uma Lenda proporciona isso e é, com certeza, um ótimo quadrinho para adquirir.