Morte aos corruptos! Esse é o sentimento de muitos neste período tão acalorado do nosso cenário político, não é mesmo? Ainda bem que a arte tá aí para atender os anseios de algumas pessoas e pá: a adaptação do excelente quadrinho de Luciano Cunha chega às telinhas. Dissertarei sobre, bora!
Não conhece? Então se liga: “Um vigilante mascarado surge para atacar a impunidade que permite que políticos e donos de empreiteiras enriqueçam às custas da miséria e do trabalho da população brasileira. A história do homem por trás do disfarce de Doutrinador envolve uma jornada pessoal de vingança na qual um agente traumatizado decide fazer justiça com as próprias mãos“.
Primeiramente tenho que pontuar que o longa possui as melhores cenas de ação que eu já vi no cinema nacional! Mas não é só isso: todo o aspecto técnico do filme está acima da média em comparação a outras obras tupiniquins. Houve muito capricho com os planos de câmera, com os figurinos, com os cenários… Ah, e que trilha sonora! Coisa rara mesmo de se ver por aqui, confesso que fiquei surpreso positivamente.
Entretanto, quem espera uma grande reflexão política, pode se decepcionar com o roteiro, porque a construção do protagonista não dialoga com os monóculos acadêmicos. Miguel surge como um Frank Castle brasileiro: sua motivação é vingança e raiva! Para tratar do seu nascimento como anti-herói (ou assassino, escolha) a trama acaba tendo um ritmo corrido para caber tudo em um filme só. Como eu queria ver um bom filme de ação, isso não me incomodou, muito pelo contrário, deu até um certo saudosismo aos bons brucutus das telinhas.
A única coisa que me incomodou um pouco (mas nada que estragasse a experiência), foi como alguns personagens não passavam o que tinham que passar, enquanto outros eram super forçados. Um exemplo é o próprio protagonista: tentaram jogar uma carga sentimental ali, mas não rolou, era só brucutu. Já os vilões, teve uma forçação para mostrá-los como algo super maligno que estão sempre tramando com suas risadas escandalosas (encarei como algo cartunesco, a ponto de rir a cada aparição). Mas o grande destaque dos personagens foi o político Sandro Corrêa. Moscovis foi gigante em sua atuação.
Mostrando que o cinema nacional tem potencial para produzir bons filmes de ação, O Doutrinador é um soco na cara, melhor, é um molotov nessas comédias batidas e sem graças que são produzidas todo santo ano por aqui. Se ainda não assistiu, corre logo, porque que tá bom demais!
Aka Joe. Professor de linguagens místicas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, profissional de estudos psíquicos na Escola Xavier para Jovens Superdotados, amador na arte de grafar e consorte da Bel. Entusiasta dos bardos, contadores de histórias, sábios, estrategistas, aventureiros, tabernistas e bobos da corte.