Pense na seguinte situação: para se manter são e salvo, você nunca mais poderia abrir os olhos em locais externos. Caso contrário, você seria tomado por um grande mal que te deixaria completamente surtado. Essa é a trama de Às Cegas e cá estou para falar sobre!
Explicando um pouco melhor: “Em um mundo pós-apocalíptico, Malorie e seus filhos precisam chegar em um refúgio para escapar do problema, criaturas que ao serem vistas fazem pessoas se tornarem extremamente violentas. De olhos vendados para não serem afetados, a família segue o curso de um rio para chegar à segurança“.
O primeiro ponto interessante que eu achei no filme é que ele trabalha com uma alternância entre o passado e o presente. Particularmente, eu não sou muito fã desse tipo de recurso, mas o longa trabalha bem com este aspecto. Sua narrativa parece nos convidar a completar um puzzle, porque fiquei me perguntando como aqueles personagens chegaram ali depois de cinco anos após o início do caos. E a resposta vem!
Falando no início do caos, o começo do filme tem um ritmo intenso! As melhores cenas acontecem ali, porém após a “explicação” (entre aspas, porque não explica lá muito bem) do surto, o longa começa a esbarrar em todos os clichês do gênero. Não vou pontuar, porque considero spoiler, mas quando me deparei com determinadas cenas, automaticamente pensei: “vai dar merda isso aí, meu chapa“. Contudo, o maior problema não são esses clichês (geralmente eu espero por eles), mas sim como a história aos poucos vai se tornando muito mais a respeito de sobrevivência do que sobre o mal que assolou o mundo. Isso é ruim? Não achei, mas quebrou um pouco as minhas expectativas.
Outra coisa que eu gostei muito foram as simbologias presentes na produção (pelo menos fez sentido na minha cabeça). Por exemplo, a protagonista que antes era isolada do mundo exterior por opção, se vê obrigada fazer isso para sobreviver. Ao meu ver, os pássaros também falam muito sobre ela, porém não vou me empolgar para evitar os spoilers. Essas metáforas constroem uma narrativa que sobrepõe todo o mal enfrentado, resultando em uma jornada de autoconhecimento da personagem principal. Isso é ruim? Não achei, mas quebrou um pouco as minhas expectativas [02].
Às Cegas começa em um ritmo empolgante e depois vai amornando aos poucos. Sua proposta acaba sendo diferente do que é anunciado, mas ainda sim se mostra interessante e me agradou bastante. Os leitores do livro que deu origem ao longa, não estão perdoando a adaptação. Como eu não li, não posso fazer essa crítica, então só me resta ser generoso com o filme.
Aka Joe. Professor de linguagens místicas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, profissional de estudos psíquicos na Escola Xavier para Jovens Superdotados, amador na arte de grafar e consorte da Bel. Entusiasta dos bardos, contadores de histórias, sábios, estrategistas, aventureiros, tabernistas e bobos da corte.