Semana passada, nós do Torrada Élfica tivemos a grata surpresa de ver o nome do nosso querido blog no resultado do edital de parcerias da Jambô Editora. Para celebrar o nosso título de Pregoeiros da Vila dos Blogs, tirei a poeria de um livro que queria ler há um certo tempo.
Dos contos presentes em Crônicas da Tormenta, tive o prazer de ler os quatro primeiros e cá estou para falar das minhas primeiras impressões. Sele o seu cavalo e me acompanhe.
Mas antes, vamos saber mais sobre o livro: “As fronteiras da fantasia medieval são exploradas em quatorze contos, quatorze visões do mesmo mundo, quatorze histórias de aventura, guerra, tragédia, magia, amor e traição. Ao lado de cavaleiros e ladrões, soldados e menestréis, vigaristas e bárbaros, somos levados em uma jornada por Arton, um dos mais populares universos fantásticos do Brasil.
Crônicas da Tormenta apresenta Arton em todo o seu esplendor e horror, por alguns dos maiores nomes da literatura fantástica nacional. Nestas páginas há pequenas tragédias e vitórias, ao lado de grandes caçadas a monstros e guerras que mudam o destino do mundo. Seus protagonistas são crianças e deuses, guerreiros e artistas. Seus cenários são os salões da nobreza, as tavernas imundas, os campos de batalha sanguinolentos, as estradas empoeiradas, os mares bravios.
Os veteranos encontrarão os locais e personagens que já conhecem, além de descobrir outras facetas deste mundo. Os recém-chegados encontrarão uma terra repleta de magia e maravilhas, num volume que é a introdução perfeita ao cenário — e descobrirão por que não há lugar como Arton“.
O conto que abre o livro é História de Herói, escrito por Leonel Caldela. A história retrata o retorno forçado de Galdwin à sua terra natal. Entretanto, o paladino odeia o seu local de origem a ponto de vê-lo como um inimigo. A escrita detalhada de Caldela passa perfeitamente o sentimento do protagonista, provocando diversas sensações no leitor que se envolve com a história. Por vezes, eu entendia perfeitamente o fardo de Galdwin, porque assim como ele, eu detestaria voltar à minha terra natal (principalmente se fosse para enterrar meu pai), mas ainda assim, esse pesar vez ou outra era substituído com boas risadas pelo jeito sarcástico que o ambiente e as pessoas são descritas (especialmente o amor da adolescência do paladino).
Paralelamente, ocorre outra história onde Khalmyr (Deus da Justiça) e Tauron (Deus da Força) discutem no Panteão. E a coisa mais fantástica é que o rumo desse encontro interfere diretamente no destino de Galdwin e dos demais habitantes de Hershey. Sendo bem sincero, eu não esperava menos do Leonel, porque o considero de longe o melhor escritor de fantasia brasileiro.
A segunda história do livro é Teopatia, escrito por Remo Disconzi. O conto nos apresenta Zerimar, um aprendiz de açougueiro em uma casa de carnes na cidade de Valkaria. O rapazote levava sua vida sem grandes expectativas numa boa, até que certo dia, ele começa a ouvir vozes recorrentes oriundas das carcaças do açougue. A princípio, ele tenta ignorar, mas depois se entrega totalmente ao seu destino. Até agora, esse é o meu conto favorito do livro!
Como formado em letras e estudante de psicologia (monóculo mode: on), a escrita do Remo Disconzi me cativou de uma forma intensa! O tom de suspense presente na trama, me deixou realmente apreensivo e me fez questionar se as vozes ouvidas pelo protagonistas eram do sobrenatural ou se eram a manifestação de alucinações auditivas (você vai ter que ler para saber, meu amigo). Outro ponto fantástico é o crescimento do protagonista após reconhecer as vozes, de modo que, ele passa a nortear a sua vida de uma forma inesperada. Que clímax, meus amigos! Que história!
Seguindo, temos o conto O Último Golpe de Javelin, escrito por Claudio Villa. Nesta história, conhecemos um ladino em fim de carreira chamado Javelin. Como o título diz, o ladino está planejando a sua despedida do mundo do crime, mas não pode ser coisa pequena não! A sua última cartada tem que entrar para a história, tipo assaltar a Liga dos Mercadores!
O grande trunfo da escrita do Claudio Villa, é que eu achei praticamente impossível não ter simpatia pela figura de Javelin. Tudo bem que eu tenho minha preferência por ladinos, mas o protagonista é aquele típico malandro bon vivant que dá vontade de torcer por ele, mesmo sabendo lá no fundo que isso é muito errado (obrigado, literatura, por nos permitir esse sentimento sem muitas culpas). Outro ponto sobre a escrita é que ela é bem agradável de se ler: tudo fui de forma leve, deixando a trama muito bem construída e divertida.
O último conto que eu li foi o Ária Noturna, escrito por Marlon Teske. Aqui somos apresentados à Jean-Luc, capitão pirata da Réquiem. O conto já começa com o capitão em uma situação bastante complicada, onde, prevendo que aqueles sejam seus últimos minutos, o pirata começa a ver sua vida passar diante de seus olhos, nos levando à Ilha Pequena, local que ocorreu à trama que antecedeu sua atual situação.
Esse conto teve todo um brilho especial para mim, porque fazia tempo que eu não lia uma história de pirata tão boa! Tem todo aquele tom de aventura e perigos em alto mar, a disputa pelo coração de uma donzela e, obviamente, uma caça ao tesouro. A escrita de Teske é épica do início ao fim! A forma como ele descreve a situação no início do conto é primorosa, assim como o recurso do flashback, que me agradou bastante.
Até onde eu li, Crônicas da Tormenta se mostra uma antologia da melhor qualidade, provando que há muitos escritores brasileiros competentes nesse gênero que tanto amo. Mal vejo a hora de terminar esta leitura e, quando eu fizer, tornarei a escrever sobre. Por hora, só sei que quero jogar RPG de mesa e que tenho muito a aprender como escrever com essas feras.
Ah, e antes que eu me esqueça, você pode visitar os seguintes links para comprar a versão física ou a versão digital do livro.
Aka Joe. Professor de linguagens místicas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, profissional de estudos psíquicos na Escola Xavier para Jovens Superdotados, amador na arte de grafar e consorte da Bel. Entusiasta dos bardos, contadores de histórias, sábios, estrategistas, aventureiros, tabernistas e bobos da corte.