Às vezes conhecemos algumas obras de forma, como posso dizer, inusitada. Comigo, foi o caso de Como Antes, cujo nome oficial é Come Prima e, no ano passado, a editora gringa quis impedir a Devir de localizar o título para o português. Convenhamos, que não ia pegar muito bem, não é mesmo? Enfim, a partir dessa situação curiosa, além de conhecer o quadrinho, me interessei, li e cá estou para falar sobre. Vem comigo?
Mas antes de pegar viagem, sinopse:
No início dos anos 60, os irmãos Fabio e Giovanni estão prestes a iniciar uma longa jornada. Dentro de um Fiat 500, o caminho será pontuado por discussões amargas, longos períodos de silêncio, lembranças e encontros, e os levará de volta a sua terra natal, a Itália – um lugar que Fabio não visita há anos.
O primeiro ponto que destaco é como a arte é linda! Os traços e as cores escolhidas por Alfred são um deleite aos olhos. Os cenários retratados nas páginas têm a potência de nos levar direto à Europa. Fora isso, a forma como os flashbacks foram desenhados é de uma sutileza impressionante.
De todos os quadrinhos que já li na vida, Como Antes é, sem dúvida alguma, um dos que melhor junta a beleza da arte com o texto (ou a ausência deste). Por ser um reencontro entre irmãos com muitas cicatrizes do passado, há inúmeras emoções contidas na trama, desde raiva, tristeza, medo, etc… Tudo isso é retratado com maestria, como se o leitor estivesse ali vendo tudo de perto.
Outro ponto muito interessante é que a trama ainda pincela alguns aspectos históricos da Itália e como estes influenciaram àquela dinâmica familiar. É fenomenal a forma como tais acontecimentos explicam a personalidade dos personagens. Tudo vai surgindo de forma fluida e em momentos chaves. Resultado? Me envolvi completamente com àquelas situações e dilemas.
Como Antes é uma história que me levou à muitas reflexões. Particularmente, gosto muito quando uma obra tem esse poder de nos levar a encontros e desencontros com o seu roteiro. Além disso, nada melhor do que uma trama aliada a uma arte potente, capaz de nos colocar no cenário. Afirmo com tranquilidade que é um dos melhores quadrinhos que já li.
Aka Joe. Professor de linguagens místicas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, profissional de estudos psíquicos na Escola Xavier para Jovens Superdotados, amador na arte de grafar e consorte da Bel. Entusiasta dos bardos, contadores de histórias, sábios, estrategistas, aventureiros, tabernistas e bobos da corte.