Lemos: A Casa

Review of: A Casa

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5
On 24 de março de 2021
Last modified:24 de março de 2021

Summary:

Desde que eu li Rugas, Paco Roca se tornou um dos meus quadrinistas favoritos. Considero muito potente o jeito que ele expressa as emoções em suas narrativas. Recentemente tive a oportunidade de ler A Casa (que sairá pela Devir), um quadrinho semi-autobiográfico que trata a perda do patriarca de uma família. Sem mais delongas, vou falar as minhas impressões.

Desde que eu li Rugas, Paco Roca se tornou um dos meus quadrinistas favoritos. Considero muito potente o jeito que ele expressa as emoções em suas narrativas. Recentemente tive a oportunidade de ler A Casa (que sairá pela Devir), um quadrinho semi-autobiográfico que trata a perda do patriarca de uma família. Sem mais delongas, vou falar as minhas impressões.

Mas antes da faxina, sinopse:

Três irmãos retornam para casa de férias onde passaram sua infância acompanhados de suas famílias com a intenção de limpar o imóvel e colocá-la à venda. Mas enquanto a poeira é varrida e o lixo é levado para a caçamba, feridas emocionais de décadas atrás rapidamente preenchem a casa vazia.

O primeiro ponto que quero destacar é a construção estética da obra. Paco parece ter optado por traços mais simples, mas os detalhes que ele pôs na casa fizeram o ambiente transbordar vida. Toda essa construção faz com que a casa seja a protagonista da história. Outro ponto, é que as cores escolhidas, além de bonitas, agregam à narrativa de forma fantástica, porque localizam o leitor no tempo.

Falando na narrativa, o autor executou esta com maestria. Através dos diálogos bem construídos, a história flui naturalmente, como se estivéssemos assistindo o cotidiano de quem está em luto. Apesar de eu considerar a estrutura da obra leve, a mensagem bateu muito forte em mim. Eu não vivi o luto parental, mas acredito por conta da atual situação que estamos vivendo, as questões familiares muito me tocaram. Em suma, é sensibilidade pura.

Por fim, destaco os personagens. A construção dos irmãos é perfeita, porque é através da diferença de personalidade destes que o leitor vai compreendendo melhor os acontecimentos. Cada um traz as suas lembranças e como entendia a relação com o patriarca da família. Em meio às boas lembranças e ressentimentos, eles chegam a ressignificar algumas coisas. Entretanto, não é só o ponto de vista dos protagonistas que enriquece a história, porque os coadjuvantes também possuem bons momentos. Principalmente Manolo.

Com uma narrativa humana e tocante, A Casa me trouxe reflexões e emoções necessárias para o atual momento da minha vida. Por ter uma uma beleza ímpar, considero que é um quadrinho altamente recomendável para quem busca uma leitura que não seja de super-heróis. Eu poderia seguir aqui rasgando elogios, mas vou finalizar dizendo: leia assim que possível!