Surpreendente. É assim que eu consigo definir a nova (se é de 2020, é nova) animação Disney/Pixar: Dois Irmãos – Uma Jornada Fantástica. Tem magia, emoção, tecnologia, RPG… Sim, é desse jeito! Não sei se deu tempo de entrar em cartaz por aqui, pois sua estreia nos cinemas brasileiros era para o dia 6 de março. Provavelmente, se tratando do estúdio, eu iria assistir no cinema, apesar desse nome não ser tão atrativo… Mas, independente disso, assisti e quero te convidar para descobrir os motivos pelos quais ela me surpreendeu. Bora começar?!
Primeiro, vamos à sinopse:
Em um mundo transformado, no qual as criaturas não dependiam mais da magia para viver, dois irmãos elfos recebem um cajado de bruxo de seu falecido pai, capaz de trazê-lo de volta à vida. Inexperientes com qualquer tipo de magia, Ian e Barley não conseguem executar o feitiço e acabam gerando uma criatura sem cabeça. Para passar mais um dia com seu pai, eles embarcam em uma jornada fantástica. Ao perceber a ausência dos filhos, sua mãe se une à uma lendária manticora para encontrá-los.
Comecei a assistir Dois Irmãos – Uma Jornada Fantástica sem saber do que se tratava. Não li a sinopse acima, nem qualquer outra coisa. Foi sugestão do Vinicius assistir ao mesmo. Então, foi aí que fui surpreendida: o filme é lindo e divertidíssimo! Desde as primeiras cenas, quando é explicado como era um mundo de fantasia, a animação já vai levando o espectador a observar algumas referências e a se envolver com a história e os personagens, por mais que estes sejam elfos.
A história em si, já se torna interessante a partir do momento em que se propõe uma urbanização e evolução num lugar onde a magia deveria reinar. Uma das partes mais engraçadas é quando esse processo é explicado, pois até nessa parte a trama mescla fatos e contextos históricos com o ambientação mágica de personagens fantásticos, de uma forma muito interessante e criativa.
Ian é um adolescente com dificuldades de socialização. Órfão de pai, ele não conheceu o patriarca da família, pois este faleceu quando Ian ainda estava na barriga de sua mãe, Laurel. Seu irmão mais velho, Barley, é um ativista e jogador de RPG (Role Playing Game, como se fosse um jogo de interpretação de personagens) que cultua esses seres mágicos e sempre se mete em encrencas na cidade, quando tentam acabar com algum patrimônio que remete à ancestralidade mágica do local. A mãe deles seguiu a vida e tem um namorado, o policial centauro Bronco. Ele é colega de trabalho da policial Specter, uma ciclope que se tornou a primeira personagem LGBTQ+ da Pixar. Porém, como já era de se esperar, houve um certo boicote ao filme pelos preconceituosos de plantão, por conta de uma simples frase. Durante uma conversa, a personagem tece um comentário sobre a complicada relação com a filha da namorada, como se a filha “desse trabalho”. Esse é o único ponto do filme em que se deixa a orientação sexual da personagem explícita. O alvoroço foi tanto que alguns países proibiram que o filme fosse exibido nos cinemas.
Ao assistir Dois Irmãos – Uma Jornada Fantástica o telespectador tem que ficar ligado nas referências da Disney e, provavelmente, algum easter egg da Pixar. Uma coisa que gostei bastante são das músicas usadas na animação, pois todas estavam sincronizadas com os momentos da animação. Sem falar que, para quem curte RPG, vai curtir o personagem Barley e toda a sua empolgação com o conhecimento que o jogo proporcionou a ele.
Quanto à arte, eu só queria pontuar que a cada animação, o estúdio está arrasando (positivamente falando, é claro) nos recursos em que deixam os elementos que compõem a ambientação o mais próximo possível da realidade. Repara só e, cosas simples, como objetos e alimentos. É chocante a perfeição!
Sinceramente, o que mais me emocionou em Dois Irmãos – Uma Jornada Fantástica foi essa coisa de ter uma oportunidade de trazer o pai de volta à vida, mesmo que seja por um momento. Talvez, a animação tenha outro efeito em outras pessoas, tendo essas perdido o pai ou não, tendo contato ou não e até mesmo, como no caso do Ian, sem sequer ter conhecido o pai. Eu vou dizer pra vocês que eu chorei em alguns momentos, diante do desespero dos personagens em ter esse contato com o ser paternal, mesmo que seja por pouco tempo, mesmo que seja por magia. Perdi meu pai já adulta e isso fez com que eu me identificasse com os personagens nessa ânsia de ter mais um momento com um familiar já falecido. Apesar da temática pesada, os roteiristas Dan Scanlon, Jason Headley e Keith Bunin souberam dosar bem as coisas para que a trama atingisse um faixa etária variada, sendo um filme para a família.
Dois Irmãos – Uma Jornada Fantástica é uma animação Disney/Pixar com a qualidade de ambos os estúdios que, na verdade é um só, tudo a mesma coisa. Divertida, surpreendente, emocionante, educativa e cheia de mistérios, a torna um ótimo passatempo e, é bem provável que, assim como outras animações do estúdio, essa ficará guardada no coração.
“Eu sou Groot” e professora. Adoro assistir filmes e séries; ler livros e HQs e “eu QUERIA fazer isso o dia todo”. Espero ter “vida longa e próspera”…