Lemos: V de Vingança

Review of: V de Vingança

Reviewed by:
Rating:
5
On 24 de abril de 2020
Last modified:24 de abril de 2020

Summary:

É. Só agora consegui finalizar o quadrinho V de Vingança. Se demorei?! Muito! Estou até com "v" de vergonha... Lembrei , ô, se lembrei, que foi em novembro do ano anterior que escrevi as primeiras impressões... Mas não vou usar de artimanha e, é claro que vou usar o "v" da verdade contigo, caro leitor, pois não há por que eu esquecer de falar desse quadrinho. E a verdade é uma só: essa HQ tem um conteúdo muito denso e, portanto, precisei ler com calma. Mas já te adianto que pretendo reler a mesma, uma vez que ela é reflexiva, a ponto de eu achar que preciso me aprofundar mais nas mensagens ali inseridas. É uma conclusão que se chega de imediato, no que eu fechei a HQ, eu respirei e falei comigo mesmo: um dia, eu precisarei reler isso.

É. Só agora consegui finalizar o quadrinho V de Vingança. Se demorei?! Muito! Estou até com “v” de vergonha… Lembrei , ô, se lembrei, que foi em novembro do ano anterior que escrevi as primeiras impressões… Mas não vou usar de artimanha e, é claro que vou usar o “v” da verdade contigo, caro leitor, pois não há por que eu esquecer de falar desse quadrinho. E a verdade é uma só: essa HQ tem um conteúdo muito denso e, portanto, precisei ler com calma. Mas já te adianto que pretendo reler a mesma, uma vez que ela é reflexiva, a ponto de eu achar que preciso me aprofundar mais nas mensagens ali inseridas. É uma conclusão que se chega de imediato, no que eu fechei a HQ, eu respirei e falei comigo mesmo: um dia, eu precisarei reler isso.

Mas, como eu já demorei demais a tornar a falar do V, vamos logo às minhas conclusões sobre este quadrinho do antigo selo Vertigo.

Antes disso, relembre, relembre, a sinopse:

Uma poderosa e aterradora história sobre a perda da liberdade e cidadania em um mundo totalitário bem possível, V DE VINGANÇA permanece como uma das maiores obras dos quadrinhos e o trabalho que revelou ao mundo seus criadores, Alan Moore e David Lloyd. Encenada em uma Inglaterra de um futuro imaginário que se entregou ao fascismo, esta arrebatadora história captura a natureza sufocante da vida em um estado policial autoritário e a força redentora do espírito humano que se rebela contra esta situação. Obra de surpreendente clareza e inteligência, V DE VINGANÇA traz inigualável profundidade de caracterizações e verossimilhança, em um audacioso conto de opressão e resistência.

O enredo se passa num futuro alternativo, em 1997, porém temos que observar que o quadrinho foi lançado em 1988, então… Cê tá me entendendo, né?! Bem, e nesta época atribuída ao quadrinho, tudo era controlado por uma ditadura fascista, onde a população era desprovida de liberdade, ou seja, era controlada pelo governo e essa falta de liberdade de expressão era atribuída, principalmente, a gays, negros e pessoas que eram contra o governo.

Um homem por trás de uma máscara que fazia uma referência ao conspirador Guy Fawkes que, em 5 de Novembro de 1605, foi preso por tentar implodir o Parlamento Britânico, concretizou a tentativa de Fawkes. Na mesma noite, ele conhece Evey, de 16 anos, uma adolescente orfã, que estava tentando propor um programa a um homem, cuja função era controlar a população nas ruas, como um policial. V surge e salva Evey de um grupo de homens do qual o primeiro participava, pois pretendiam matá-la.

O controle da população inglesa era feito por foi um grupo intitulado como CABEÇA, liderado por Adam Susan. Mas tal grupo possuía os seus setores ou, como prefiro chamar (porque é o que parece ser no quadrinho), facções, que auxiliavam Susan neste controle. Os nomes e suas funções são bem interessantes: o OLHO era o setor de câmeras que vigiavam a população nas ruas e, se não me engano, em suas casas também, controlando os passos e atos dos cidadãos;  o NARIZ que era composto pelos investigadores criminais, “farejando” pistas para “solucionar” crimes; o OUVIDO, responsável pelo controle das escutas telefônicas; a BOCA era responsável pela famosa “Voz do Destino”, que é uma espécie de programa ouvido pela população, como forma de controle da mente, formador de opiniões e, saindo de todas as vias cranianas rs, o DEDO, que eram os policiais patrulheiros da rua. Este último setor, inclusive, dá com as caras logo no início do quadrinho, cujo alguns membros foram responsáveis pelo quase estupro, seguido de morte, sofrido pela Evey.

Após a explosão do Parlamento, a CABEÇA e seus setores, principalmente o NARIZ, entraram um jogo onde tentavam reunir nas peças para descobrir quem foi o responsável pela implosão do Parlamento, pelos eventos que se sucedem ao longo do quadrinho e, principalmente, por suas motivações.

Como falei, V de Vingança é uma HQ de conteúdo pesado. E, quando falo isso, não é só por conta das cenas de tortura, morte, sexo, entre outras coisas, mas também por conta da mensagem contida na obra. É num cenário envolto de tudo o que falei na primeira linha deste parágrafo, que surge um homem capaz de transmitir ao povo a mensagem de liberdade e de que cada indivíduo é detentor da mesma, ao passo que isso promova o devido respeito às individualidades, algo que é bastante oprimido pelo governo. As coisas que vão acontecendo com os personagens, a fim de desenvolver suas futuras motivações, mas ao mesmo tempo, as reflexões que os mesmos fazem durante esse caminho, vão proporcionando ao leitor tais reflexões a respeito do modo de ler a sociedade e quem compõe a mesma. Os personagens, principalmente as mulheres, têm picos de ascensão de reconhecimento num meio social, que o leitor percebe que é oscilante, exceto para a personagem, e que tem uma abrupta e angustiante decadência.

A arte de David Lloyd é maravilhosa. Sombria, mas, ao mesmo tempo, brilhante, luminosa, o que agregava ao mistério de tudo que era promovido por V. Há pouquíssimas cores e as que têm são em tons pastéis. Mas como a arte é antiga e, por isso, acho que não posso reclamar muito, mesmo assim eu gostaria de pontuar algumas coisas que me incomodaram um pouco, ao longo da leitura. Achei os quadros justos, juntos e, acredito que a quantidade de texto e/ou balões dentro de um quadro pequeno me proporcionou tal sensação. Uma outra coisa é que, apensar da arte ser muito detalhista quanto às expressões de emoção dos personagens, por vezes, eu me perdia na fisionomia de alguns e acabava confundindo, quem era quem em determinadas cenas, mas nada que atrapalhasse o entendimento da cena em si.

Li V de Vingança numa edição única. Mas, como disse que este é um quadrinho para ser lido com calma e atenção, provavelmente, quem a leu em edições separadas teve uma sensação de ansiedade, é claro, mas também o tempo necessário para refletir sobre a leitura feita. Eu disse que também estar envergonhada por ter demorado tanto a finalizar a leitura, mas, pensando bem, o fiz certo. Conheci o filme primeiro e, consequentemente, assisti antes de ler a obra da qual foi adaptado e ele é ótimo. Mas posso te dar uma dica, caso você ainda não tenha consumido nenhum dos dois? Leia esta HQ primeiro.